DE BUENOS AIRES

O chefe de gabinete, Alfredo Atanasof, disse ontem não esperar que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, chegue à Argentina "como se fosse Papai Noel que vem com presentes".
A declaração mostra que, para o governo argentino, a viagem de dois dias de O'Neill que começa hoje não representa um avanço nas negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que já se arrastam por sete meses sem resultados práticos para o país.
"Aguardamos a visita de um funcionário importante dos Estados Unidos que já disse diversas vezes que quer conhecer pessoalmente a realidade da região. Não vinculamos essa visita com as negociações com o FMI. Tampouco esperamos que venha a oferecer algo mais do que sua visita", disse Atanasof
O presidente Eduardo Duhalde também não mantém grandes expectativas em torno da viagem do secretário. Segundo o jornal "Página 12", assessores de Duhalde disseram esperar apenas que O'Neill não faça novas declarações desastrosas para as negociações durante sua visita.
Já para o ministro Roberto Lavagna (Economia) sua visita poderá proporcionar "a compreensão necessária para avançar até o acordo final" com o Fundo.
Além de reuniões com funcionários do governo, O'Neill também visitará um hospital e fábricas da Grande Buenos Aires. Por questões de segurança, a Embaixada dos EUA em Buenos Aires só deve anunciar hoje o percurso que será percorrido pelo secretário.
A medida tornou-se necessária porque piqueteiros do país têm prometido nos últimos dias atrapalhar os deslocamentos do secretário.
As principais organizações de esquerda argentinas também convocaram duas marchas contra "O'Neill e o FMI" -uma hoje e outra amanhã- que partirão do Congresso para a praça de Maio (região central de Buenos Aires) durante a tarde.
Para aumentar o número de pessoas nos protestos, os organizadores convocaram a população a participar por meio de publicidade paga nos principais jornais argentinos.

Explosão social
Um grupo de piqueteiros ameaçou ontem explodir tanques de petróleo de uma refinaria da empresa espanhola Repsol-YPF na cidade de Las Heras (Província de Santa Cruz, sul).
A revolta dos piqueteiros começou pela manhã, quando 11 pessoas que bloqueavam uma rodovia para pedir emprego e comida foram atropeladas por um veículo em alta velocidade. Os feridos foram levados a um hospital próximo. Pela tarde, os manifestantes se acalmaram e abandonaram o local pacificamente.

Inflação
O Indec (o IBGE local) divulgou ontem que a inflação ficou em 3,2% em julho. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a alta dos preços ao consumidor atingiu 34,7%.
(JS)


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