São Paulo, terça-feira, 06 de agosto de 2002

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O POUSO DA ÁGUIA

Queda na expansão do maior setor da economia local aumenta temor de que país caia em nova recessão

Setor de serviços dos EUA reduz ritmo de alta

DA REDAÇÃO

O setor de serviços, o maior da economia norte-americana, reduziu seu ritmo de expansão no mês passado, reforçando o medo de que o país caia em uma nova recessão. As Bolsas voltaram a cair de maneira acentuada e ficaram perto de atingir os menores níveis dos últimos cinco anos.
"O foco deixou de ser as fraudes corporativas e passou a ser a atividade econômica", afirmou Patrick Boyle, do Crédit Suisse First Boston. "Temos números não lá muito bons e as ações de empresas tecnológicas continuam a ser uma âncora enrolada no pescoço do mercado."
De acordo com o ISM (Instituto de Gerenciamento de Fornecimento, na sigla em inglês), o índice de atividade das empresas de serviços recuou para 53,1 pontos em julho. Em junho, o indicador ficara em 57,2 pontos, e em maio tinha sido de 60,1 pontos.

Pânico renovado
Julho foi o sexto mês consecutivo de crescimento do setor. Pelos critérios do ISM, leituras acima de 50 pontos assinalam expansão, e abaixo, contração.
O índice Dow Jones recuou 3,24% ontem. Perdeu 270 pontos e fechou em 8.044 pontos, muito perto de cair novamente abaixo da "barreira do pânico" dos 8.000 pontos. A Bolsa tecnológica Nasdaq caiu 3,63%. O índice mais amplo Standard & Poor's 500 cedeu 3,43%.
Os analistas já imaginavam que haveria uma queda na atividade do setor de serviços, mas esperavam que o índice do ISM ficasse em torno de 55 pontos. Na semana passada, o ISM já havia revelado que a indústria permaneceu praticamente estagnada em julho.
Na semana passada, uma série de números e indicadores negativos acabou com a euforia ensaiada pelas Bolsas na duas semanas anteriores. Houve uma acentuada queda na confiança do consumidor, a locomotiva da economia norte-americana, e o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu a uma taxa anualizada de apenas 1,1% no segundo trimestre.
"Não há nenhum sinal de estímulo, a tendência continua de queda", disse Larry Wachtel, da corretora Prudential Securities.

Aposta em juro menor
A debilidade econômica e o colapso nos preços das Bolsas está provocando uma fuga do mercado acionário. Os norte-americanos procuram investimentos mais seguros, como os títulos do Tesouro. Cresce também a expectativa de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) faça um novo corte na taxa de juros para que o consumo permaneça elevado e compense a retração nos investimentos.
Hoje o juro do Federal Reserve está em 1,75% ao ano, a menor taxa desde a década de 60. A aposta em uma nova redução e o aumento na procura pelos papéis do Tesouro derrubaram os rendimentos de tais títulos.
Os papéis com vencimento para dois anos eram negociados ontem com rendimentos de 1,90% ao ano, a menor taxa de retorno desde que o papel foi lançado, em 1972. Os títulos de cinco anos ofereciam rendimentos de 3,11%, novo recorde dos últimos 40 anos.
A crise brasileira, junto com o recrudescimento da violência no Oriente Médio, também anda afetando o humor de Wall Street. Para os investidores, aumenta o clima de insegurança a possibilidade de uma guerra dos EUA contra o Iraque, o que poderia desestabilizar ainda mais a retomada.


Com agências internacionais


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