São Paulo, terça-feira, 06 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRANSE LATINO

Instituições ficaram fechadas por quase uma semana; muitos argentinos cruzaram o rio da Prata para sacar

Uruguaios correm aos bancos que reabriram

Reuters
Fila de uruguaios aguarda na porta de banco em Montevidéu


DE BUENOS AIRES

Após quase uma semana de feriado bancário, os uruguaios formaram filas ontem nas agências para sacar recursos das contas correntes e cadernetas de poupança que não foram incluídos no confisco estabelecido pelo governo durante o fim de semana.
Também houve um importante fluxo de argentinos ao país, que, assustados com a congelamento dos dólares depositados a prazo fixo nos bancos públicos por três anos, atravessaram o rio da Prata apenas para sacar as economias.
Além disso, trabalhadores do setor bancário informaram que podem entrar em greve por tempo indeterminado a partir de amanhã contra a lei de fortalecimento do sistema financeiro aprovada pelo Congresso anteontem.
Para eles, a legislação, que estabeleceu restrições para saques apenas para os bancos públicos, deve provocar uma fuga de recursos e a consequente eliminação de postos de trabalho nas instituições estatais.
Já outros sindicatos uruguaios tentavam ontem organizar uma greve geral hoje, das 13h às 24h. Além da paralisação, também haveria uma passeata no centro de Montevidéu contra a presença do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill. A central brasileira CUT também enviaria integrantes ao país para organizar os protestos contra o secretário.
As agências bancárias anteciparam o horário de abertura das 13h para as 11h ontem com o objetivo de evitar tumultos e conseguir atender um maior número de pessoas que tentavam sacar os depósitos.
Em geral, os bancos estavam preparados para atender ao movimento. Houve tumultos e manifestações apenas em frente aos quatro bancos que continuam suspensos pelo Banco Central apesar do fim do feriado: Montevidéu, Caixa Obrera, Comercial e de Crédito.
A maioria da população entendeu que o confisco dos depósitos a prazo fixo era necessário para o país receber o empréstimo-ponte de US$ 1,5 bilhão dos EUA que permitiu que o BC determinasse o fim do feriado ontem. Os cerca de 250 policiais que patrulharam o centro financeiro ontem não tiveram de agir para impedir novos incidentes.
"Não sou contra a medida. Mas, na minha idade, três anos é muito tempo", disse a aposentada Fanny, 75, em frente a um banco privado. Já o vice-presidente uruguaio, Luis Hierro López, que foi o mais enfático em pedir calma à população ontem, atribuiu os saques e atos de violência dos últimos dias em Montevidéu a argentinos que viajaram ao país para organizar tumultos.(JS)


Texto Anterior: Lavagna prevê acordo mais vantajoso
Próximo Texto: Pouso da águia: Setor de serviços dos EUA reduz ritmo de alta
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.