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Cobrança de tarifa rende a bancos até 20% da receita
Em 1994, percentual estava em 6,5%; ganhos com serviços impulsionam lucros recordes
Levantamentos mostram que nos últimos anos setor ampliou número de serviços cobrados e reajustou parte das tarifas acima da inflação
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Cada vez mais os bancos têm
se beneficiado das receitas obtidas com os serviços bancários. Desde o começo do Real,
em 1994, nunca foi tão expressiva a participação desse segmento nas receitas totais obtidas pelo sistema bancário. E os
clientes têm pago boa parte
dessa conta.
Em 1994, os serviços bancários representaram 6,5% de toda a receita obtida pelo sistema
de bancos. Em 2006, esse percentual saltou para 17,7%, patamar recorde no período. Ou seja, a cada ano as instituições
têm tido na receita advinda dos
serviços bancários uma fonte
crescente de recursos para turbinar seus lucros recordes.
Estudo feito pela consultoria
Austin Rating, a pedido da Folha, mostra ainda que, se forem
considerados apenas os dez
principais bancos, esse percentual é ainda maior, alcançando
19,7% no ano passado.
Em 2006, as receitas com
serviços bancários em todo o
sistema financeiro totalizaram
R$ 52,84 bilhões, o que representou uma elevação de 734,7%
em relação ao registrado em
1994. No período, a inflação
acumulada pelo IPCA foi bem
inferior, de 157%.
"Houve uma grande transformação na indústria bancária. Até o início do Real, os bancos ganhavam muito dinheiro
com o custo inflacionário. Na
última década, a receita com
serviços bancários foi ampliando sua importância no resultado dos bancos. E ainda há espaço para essa expansão prosseguir, com novos serviços que
passam a ser taxados", afirma
Erivelto Rodrigues, presidente
da Austin Rating.
Reajustes
Os serviços bancários são representados, principalmente
no caso de pessoa física, por tarifas e taxas de administração
de fundos. Para os clientes pessoa jurídica, há também uma
parcela importante de tarifas
oriundas dos negócios relacionados ao comércio exterior.
Nesse novo cenário, o percentual das despesas com pessoal dos bancos coberto com as
receitas de serviços sofreu nos
últimos anos uma mudança
considerável.
No começo do Real, cerca de
40% das despesas com pessoal
eram cobertas com a receita de
serviços. No ano passado, esse
percentual chegou a 115%: pagou-se toda a folha e ainda sobraram recursos.
Levantamento realizado pelo economista Miguel José Ribeiro de Oliveira, em que foi
avaliada a evolução das tarifas
bancárias entre 2001 e 2006,
mostrou que grande parte das
instituições vem reajustando
suas tarifas com índices superiores aos de inflação.
Além disso, houve um crescimento de 39 para 41 na média
do número de tarifas cobradas
pelos bancos no período. As
instituições financeiras trabalham com um leque que alcança 64 tarifas, segundo o Banco
Central, cobradas dos clientes
do tipo pessoa física.
"Presenciamos, nos últimos
anos, um aumento no número
de tarifas cobradas pelos bancos. Tem crescido o número de
serviços que antes não eram tarifados e agora são. Além disso,
muitos tiveram reajustes acima
da inflação", afirma Oliveira,
que também é vice-presidente
de Estudos e Pesquisas Econômicas da Anefac (Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Concentração
Os últimos anos também têm
sido marcados pela maior concentração do sistema bancário.
A cada ano, fusões, aquisições e
mesmo falências têm feito com
que o número de bancos em atividade diminua. Em outras palavras, há uma menor oferta de
instituições no mercado para
os clientes buscarem melhores
oportunidades.
Em 2000 havia 191 bancos
em funcionamento no país, já
em março deste ano, eram 156
instituições. Os dados são do
BC, sendo considerados os bancos múltiplos e comerciais.
"E o processo de concentração ainda vai aumentar nos
próximos anos", avalia Rodrigues, da Austin Rating.
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