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Associação de empresas cria manual de conduta sobre informação privilegiada
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O problema de vazamento de
informação confidencial no
Brasil é tão grave, mancha tanto a reputação de empresas e
dos órgãos reguladores, que as
próprias entidades participantes do mercado financeiro discutem como evitar cair em
completo descrédito. O debate
vem crescendo desde pelo menos o escândalo envolvendo a
compra do Grupo Ipiranga pelo
consórcio liderado por Petrobras, Braskem e Ultra, em março deste ano, que até hoje segue
investigado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
A Abrasca (Associação Brasileira de Companhias Abertas)
elaborou um "manual" de procedimentos para orientar as
empresas associadas a evitar o
vazamento de informação privilegiada durante a negociação
de fusões e aquisições. Na cartilha, estão desde orientações tão
básicas como manter atualizada a segurança dos computadores até a evitar discutir assuntos sigilosos em locais públicos.
A associação orienta as empresas a exigir comprometimento formal, sob pena de motivar sanções administrativas e
multas pesadas, para todas as
pessoas que tenham acesso a
negociações estratégicas envolvendo fusões e aquisições.
"Na maior parte das vezes, [o
vazamento] acontece por falta
de cuidados básicos. As pessoas
deixam documentos em qualquer lugar. Falam [de assuntos
confidenciais] em aeroportos,
táxis e restaurantes. Ninguém
sabe quem está do lado. Também orientamos cuidados com
as redes de informática das empresas", disse Antonio Duarte
Carvalho de Castro, presidente
da Abrasca.
Credibilidade
Para Castro, os casos de vazamento não acontecem com
maior freqüência em determinados segmentos, como empresas estatais, em detrimento
de outros. "De uma certa maneira, vazamento ocorre em todos os negócios. A empresa é
uma vítima também. O mercado perde credibilidade e sai enfraquecido. São muitos advogados, bancos, auditores e consultores envolvidos. Como tratar?
Mostramos as implicações legais e criminais [para eventuais
suspeitos]", disse.
Calcula-se que grandes negócios, como a compra da Suzano
Petroquímica pela Petrobras,
conte com a assessoria direta
de pelo menos cem pessoas, entre funcionários de ambas as
empresas, auditores, consultores e advogados externos.
As empresas que seguem as
recomendações recebem uma
espécie de "selo de qualidade"
da Abrasca de boa conduta no
tratamento de informação confidencial. Já receberam o selo
Abrasca os bancos Itaú, Bradesco e Unibanco, além de Perdigão, Sadia e Souza Cruz, entre
outras empresas.
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