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TV digital gera disputa entre radiodifusores e redes a cabo
Caixa receptora de sinal é maior ponto de divergência
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Depois da queda-de-braço
entre as empresas de telefonia
e os radiodifusores e do conflito
entre as teles e as operadoras
de televisão por assinatura, há
uma nova divergência no setor,
entre radiodifusores e a televisão por assinatura, por conta
do lançamento da TV digital,
marcado para 2 de dezembro.
O foco da discussão são as
caixas receptoras dos sinais da
TV digital, que estão sendo desenvolvidas sem um entendimento com as operadoras de
TV por assinatura.
O principal atrativo da TV digital aberta será a transmissão
em alta definição, mas as caixas
usadas pelas TVs pagas -por
cabo ou satélite- não permitem a recepção em alta definição. O assinante de TV paga
precisará de mais uma caixa,
mais um controle remoto e
mais uma antena (externa e interna) se quiser ter acesso à
transmissão de alta definição.
""A falta de diálogo entre os
dois setores pode retardar a
disseminação da própria TV digital", diz o jornalista Rubens
Glasberg, diretor da PayTV,
que tem uma revista mensal e
um instituto de pesquisas especializados no setor. Para ele, o
ideal seria uma caixa que atendesse aos dois setores.
O impacto da TV digital aberta sobre a TV por assinatura será um dos assuntos principais
do Congresso ABTA (Associação Brasileira de Televisão por
Assinatura), que começa amanhã, em São Paulo.
O curioso da falta de diálogo
entre os dois setores é que vários radiodifusores têm participação acionária em empresas
de TV paga, sendo as Organizações Globo o principal exemplo. O grupo possui a maior
emissora de TV aberta (Rede
Globo), a programadora Globosat e o controle acionário da
Net Serviços, que tem a maior
base de assinantes de TV paga.
Para Glasberg, os setores vivem ""um conflito existencial",
porque, apesar de ter sócios em
comum, competem entre si. A
Rede Bandeirantes e o SBT têm
participação acionária na TV
Cidade, de televisão a cabo.
Elite
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, anunciou, na
sexta-feira, a negociação para
que um consórcio de empresários indianos e brasileiros produzisse as caixas receptoras a
R$ 180, mas os fabricantes já falaram em até em R$ 800. A última estimativa das indústrias de
Manaus é de R$ 228.
Na edição da PayTV que será
distribuída nesta semana, o diretor de Operações da Net Serviços, José Félix, diz que o público inicial da TV digital é o assinante de TV paga. Para ele, a
implantação gradual da televisão digital, que pelo cronograma do governo levará 10 anos, é
contra o ganho de escala. Os radiodifusores não se mostram
preocupados com a TV paga. ""O
sinal vai estar no ar, e quem
quiser poderá recebê-lo. Pela
primeira vez, aliás, teremos
uma situação inversa: quem
quiser receber o sinal pelo ar
terá uma qualidade melhor do
que a cabo. Para nós, está resolvido", afirmou o diretor de Engenharia da TV Globo, Fernando Bittencourt.
Para Bittencourt, as operadoras de TV paga é que subestimaram a velocidade de implantação da TV digital e já deveriam ter resolvido seus problemas de tecnologia para ter alta
definição.
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