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Folhainvest
Tesouro Direto volta a pagar juro maior
Com turbulência nos mercados e alta do risco-país, rentabilidade da aplicação em títulos públicos aumentou nas últimas semanas
Analistas não recomendam aplicação para quem quer retorno no curto prazo; o ideal é manter papéis até o vencimento, segundo eles
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os juros pagos por títulos da
dívida pública federal subiram
nas últimas semanas, o que cria
uma possibilidade de compra
para investidores. Analistas,
porém, não recomendam a
aplicação com objetivo de venda no curto prazo.
"Não se recomenda ao pequeno investidor especular no
Tesouro Direto", diz André Siqueira, da corretora Fator.
"Mas para quem comprou
LTN [Letra do Tesouro Nacional], com maturidade de janeiro de 2009 a 10,63%, no começo de julho, por que não investir agora a 11,03%? Pode subir
mais ou começar a voltar para
patamar anterior."
O Tesouro Direto permite ao
investidor negociar os títulos
do governo federal pela internet (www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto/). Pelo serviço, não há taxa de administração como nos fundos de
investimentos.
Desde junho, os juros de títulos com vencimento superior a
dois anos vêm subindo. A alta,
porém se acentuou nos últimos
20 dias com a turbulência nos
mercados. Uma NTN-F (Nota
do Tesouro Nacional, série F)
com vencimento em janeiro de
2014 pagava na sexta-feira passada 11,35% ao ano de juros. No
dia 22 de maio, a taxa para o
mesmo título era de 9,93%.
Entre os papéis indexados à
inflação, a NTN-B, atrelada ao
IPCA, com maturidade para
maio de 2015 -que em maio
deste ano, pagava juros de
5,93%-, fechou na sexta-feira
com taxa de 6,99%.
As taxas aumentaram proporcionalmente à alta do risco
Brasil, segundo Paulo Tenani,
analista-chefe do UBS Wealth
Management.
A chamada taxa de risco brasileira cresceu cerca de 50 pontos básicos com as fortes vendas de ativos provocada pela
crise das hipotecas de maior
risco nos Estados Unidos.
A sustentação da alta dos juros pagos pelo governo por
seus papéis depende da manutenção do risco-país em patamar elevado, segundoTenani.
"O ajuste foi superdimensionado. Mas, assim que o risco
declinar, e acreditamos que isso ocorrerá mais cedo do que
tarde, os juros de títulos com
vencimento mais distante também devem cair", diz o analista.
O UBS aumentou a posição
em títulos da dívida brasileira,
em todos os papéis prefixados,
exceto naqueles com vencimento em um ano, segundo o
analista do banco.
A curva das taxas de juros assumiu recentemente uma forma diferente: ela tem uma barriga no meio. Isso significa que
os juros pagos para vencimento
em torno de um ano estão menores em relação à rentabilidade de títulos de seis meses e
dois anos, o que não é comum.
Em termos de CDI, segundo
cálculos do UBS, os prefixados
com vencimento de um ano pagam em média 94,7%, enquanto os de seis meses e dois anos
ficam em torno de 95,5%.
O banco prefere comprar os
papéis de vencimento mais
longo, principalmente os de
três anos, e sair dos títulos com
maturidade em torno de 12 meses. Quanto maior o prazo,
maior tende a ser o risco do título adquirido.
Analistas lembram que as taxas de juros pagas pelo Tesouro
estão melhores do que há 20
dias, mas que o investidor deve
procurar ficar com os títulos
até o vencimento. O ideal é
ajustar o prazo de vencimento
ao objetivo do investimento,
seja ele para aposentadoria, seja para outro compromisso financeiro no futuro.
"O Tesouro Direto é interessante pela segurança que oferece [a recompra semanal dos papéis é garantida pelo governo],
pela taxa adequada e por um
prazo que pode estar de acordo
com o que se pretende", afirma
Siqueira, da Fator.
Na hora de calcular a rentabilidade, o investidor deve lembrar que há custo de transação.
Dependendo da corretora, pode ser cobrada uma taxa, mas o
que mais pesa são os impostos.
Vale a mesma regra dos fundos.
Quanto menor o tempo em que
o dinheiro fica aplicado, maior
a alíquota cobrada. Começa em
22,5% para investimentos por
período inferior a seis meses e
cai até 15% para aplicações por
mais de dois anos.
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