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Ministério estuda aliviar tributos de papéis de renda fixa
Fazenda discute com grandes investidores institucionais medidas para aumentar transações com títulos privados
Investidores costumam ficar com os papéis até a data de vencimento para evitar pagar 22,5% de IR, o que inibe mercado secundário
DA BLOOMBERG
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Fazenda decidiu chamar grandes investidores institucionais, como bancos e fundos de investimentos,
para discutir como aumentar o
número de negócios com títulos da dívida privada no mercado financeiro.
Hoje, a maioria desses papéis
é comprada apenas no momento da emissão da dívida, que depois segue nas carteiras de fundos e bancos até o vencimento.
A idéia é dar liquidez para a comercialização desses títulos
entre as instituições financeiras sem ter de esperar o vencimento -o chamado mercado
secundário, que hoje é mais desenvolvido na área de papéis da
dívida pública.
Um dos fatores que dificultam a negociação no mercado
secundário de títulos é a alíquota decrescente do Imposto de
Renda sobre os rendimentos,
de acordo com o tempo do investimento, que estimula as
instituições financeiras a ficarem com os papéis em carteira
por um longo prazo.
Para resgate em até seis meses, a alíquota em vigor é de
22,5%, a mais alta; entre seis
meses e um ano, cai para 20%;
entre um e dois anos, vigora o
IR de 17,5%; acima de dois anos,
cai para 15%, a menor faixa.
Segundo Antonio Carlos Teixeira, presidente da Cetip (Câmara de Custódia e Liquidação), a maior câmara de compensação da América Latina,
autoridades e técnicos do Ministério da Fazenda admitem
que o imposto de renda decrescente restringe as transações
de papéis de renda fixa. Ele afirma que a possibilidade de perda
de arrecadação segue como o
maior entrave às mudanças.
"Há um consenso de que o
sistema atual de taxação para
os bônus dos investidores está
desestimulando a negociação
desses títulos no mercado secundário", disse Teixeira. "Mas
o efeito colateral [na arrecadação] claramente se mantém como uma preocupação."
Além do Imposto de Renda,
os investimentos em renda fixa
estão sujeitos também à CPMF
e ao IOF, o que eleva o custo da
venda de títulos após um curto
período de manutenção do investimento. O BIS (Banco de
Compensações Internacionais) disse em junho que o volume de títulos negociados no
Brasil é ainda pequeno devido a
impostos e a outras distorções.
Teixeira não identificou as
autoridades e os executivos envolvidos nas negociações nem
quantas reuniões manteve com
autoridades do governo para
tratar do assunto. A Cetip compensa diariamente R$ 20 bilhões em papéis de renda fixa.
Barreiras
Segundo o secretário da Receita, Jorge Rachid, o Congresso deve prorrogar a CPMF por
mais quatro anos. Rachid reconheceu que as condições impostas para os investidores estrangeiros operarem no país,
como registro e exigências fiduciárias, podem funcionar como uma barreira aos negócios
no momento em que o país se
aproxima de obter classificação
de "grau de investimento", um
selo de bom pagador, das agências de classificação de risco.
Em fevereiro do ano passado,
o governo editou por meio de
medida provisória a isenção de
IR para investidores estrangeiros que comprarem títulos públicos em reais no país. O objetivo era abrir espaço para uma
queda maior das taxas de juros.
As vendas de títulos da dívida
privada, como debêntures e notas compromissadas, chegaram
a R$ 21,72 bilhões no primeiro
semestre deste ano, o maior volume desde pelo menos 1997. O
mercado de renda fixa brasileiro, cresceu rapidamente desde
os anos 1990 devido ao crescimento da economia, à queda da
inflação e ao recuo de juros.
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