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Analistas prevêem queda de taxa de fundos
Para especialistas, fundos de investimento cortarão porcentagem de administração para continuar atrativos em relação à poupança
Queda de juros aproximou o
rendimento líquido das duas
aplicações, mas DI perde
com a cobrança de Imposto
de Renda e taxas de até 4%
DA REPORTAGEM LOCAL
Os fundos de investimento
estão ficando menos atraentes
do que a poupança. Com a queda da taxa básica, a Selic, a rentabilidade líquida dos fundos
está próxima -em alguns casos
chega a ser inferior- à oferecida pela caderneta de poupança.
Para evitar perdas, as instituições financeiras terão de
cortar as taxas de administração cobradas de quem investe
nesse tipo de fundo. É o que
afirmam analistas financeiros.
Um estudo feito pelo matemático José Dutra Vieira Sobrinho mostra que, se um fundo
pagar uma taxa bruta de 11,5%
ao ano -perto do que acontece
atualmente-, a taxa de administração não deveria ser maior
que 1,5%. O cálculo considera a
cobrança hipotética de 20% de
IR (Imposto de Renda).
Para juros de 10% e 9,5%, a
taxa de administração não deveria ultrapassar 1% e 0,5%,
respectivamente. Só assim os
fundos seriam mais interessantes do que a poupança.
Mas a realidade é outra. Especialmente nos fundos de varejo, a taxa de administração
chega a 4%. "Cada vez mais o
investidor deve estar atento a
essas taxas", diz o matemático
José Dutra Vieira Sobrinho.
"Há fundos que, pela taxa cobrada, dão rendimento líquido
menor que o da poupança."
Como a rentabilidade oferecida pelos fundos está mais
próxima à da poupança, itens
como a cobrança de IR e de taxas de administração pesam
mais na hora de decidir onde
alocar as economias. A poupança é isenta de Imposto de Renda e de taxa de administração.
Desde o último trimestre do
ano passado, dezenas de fundos
de investimento começaram a
sofrer com essa nova realidade.
O resultado dessa mudança é,
de um lado, a acelerada saída de
dinheiro dos fundos DI e, de
outro, a captação recorde de recursos da poupança.
Em 2007, os fundos DI -que
pagam taxas de juros aos investidores- registram resgates líquidos de R$ 12,59 bilhões, como mostra levantamento realizado pela Anbid (Associação
Nacional dos Bancos de Investimento). Essa é a categoria de
fundos que mais teve resgates
neste ano.
A poupança registra captação
líquida positiva -diferença entre saques e aplicações- de R$
11,4 bilhões no ano, segundo o
BC (Banco Central).
O investidor também não deve se esquecer da tabela regressiva de cobrança de IR que incide sobre os fundos de investimento. O imposto cobrado é
maior aos que optam por sacar
suas aplicações antes de completarem dois anos.
Quem resgata suas aplicações em até seis meses paga
uma alíquota de 22,5%; para os
investimentos movimentados
entre seis meses e um ano, a alíquota é de 20%; entre um e dois
anos, ela é de 17,5%.
Somente quem mantém seus
recursos no fundo por dois
anos ou mais paga a alíquota
mínima de 15%.
Novo cálculo
Há pouco mais de duas semanas, o Banco Central anunciou
novas regras para o cálculo da
rentabilidade da poupança
quando os juros básicos recuarem para níveis mais baixos.
Quando a TBF (uma média
de juros que influi na TR, que,
por sua vez, corrige a poupança) atingir os 10,5% -hoje está
em torno de 11,2%- , a nova regra fará com que a rentabilidade da caderneta não caia tanto
quanto cairia se o BC não tivesse anunciado a medida.
Dessa forma, enquanto a rentabilidade dos fundos estará
encolhendo de acordo com o
recuo da Selic, o retorno da
poupança diminuirá de forma
mais branda, acirrando a concorrência.
(FABRICIO VIEIRA)
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