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Aftosa na Europa pode ajudar Brasil
Com suspensão de comércio por causa de foco no Reino Unido, exportação brasileira de carne bovina deve crescer, diz produtor
Reino Unido foi o 3º maior
importador do produto do
Brasil no ano, diz associação;
missão européia avaliará
carne de alguns Estados
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A descoberta de foco de aftosa no Reino Unido, anunciada
na última sexta-feira, pode ajudar as exportações de carnes
brasileiras. O presidente do
Sindicato da Indústria de Carnes do Rio Grande do Sul, Ronei Lauxen, disse que a conseqüente proibição de exportações de gado britânico para os
Estados Unidos e União Européia pode aumentar a demanda
pela carne nacional.
Segundo a Abiec (Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), o Reino
Unido foi o terceiro maior comprador de carne brasileira entre janeiro e junho deste ano,
com mais de 49 mil toneladas.
O secretário da Agricultura
do Paraná, Valter Bianchini,
acredita que o foco da doença
no Reino Unido tende a levar a
União Européia a rever procedimentos de bloqueio a regiões
afetadas. "O que vai acontecer
lá [será] o isolamento no raio
em que ocorreu o problema. É
isso que a gente quer, igualdade. Que medidas semelhantes
possam ser tomadas aqui."
O Paraná e outros Estados
vão receber missões da União
Européia para avaliação de sanidade animal a partir de outubro. No próximo mês, fiscais da
OIE (Organização Internacional da Saúde Animal) também
farão análises que podem suspender barreiras à exportação
do produto criadas a partir do
surgimento do foco em Mato
Grosso do Sul, em 2005.
Disputa
"É uma demonstração de
que, em epidemiologia, não
existe risco zero", afirmou o
presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carne), Marcus Vinícius Pratini de Moraes.
Ele também disse esperar
que, a exemplo do que já ocorreu anteriormente com o Brasil, a importação de produtos
britânicos de origem animal seja suspensa até que a doença seja contida. Se isso não acontecer, "ficará claro que a febre aftosa é apenas uma desculpa
usada para a adoção de medidas
protecionistas", afirmou.
A confirmação dos focos da
doença na Inglaterra deve significar o início de mais uma
etapa na disputa entre o Brasil
e o Reino Unido no comércio de
carne -os produtores brasileiros reclamam que países desenvolvidos usam barreiras sanitárias para limitar a importação de produtos vindos de países emergentes.
No mês passado, produtores
irlandeses chegaram a enviar
um relatório a autoridades da
União Européia pedindo o embargo da importação da carne
brasileira, com base em documentos que comprovariam, entre outras coisas, que o Brasil
não possui os mecanismos necessários para identificar e rastrear o gado, dificultando o
controle de doenças.
O governo brasileiro negou
as acusações e afirmou não haver problemas nos rebanhos
brasileiros, e a própria União
Européia acabou rechaçando o
pedido dos irlandeses.
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