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LUÍS NASSIF
O BC e as exportações
Com relação à coluna de terça-feira passada, criticando a estratégia do Banco
Central de colocação de dólares para linhas comerciais, recebo o seguinte e-mail dos diretores Beny Parnes e Luiz Fernando Figueiredo.
"(1) De modo geral, o recente ajuste verificado no balanço de pagamentos -e da conta de comércio em particular- é resultado direto da desvalorização
cambial em termos reais e não da aplicação de incentivos fiscais, creditícios e tarifários. Entretanto, tal como verificou-se em outros mercados, a liquidez
nos financiamentos para as exportações reduziu-se. Esse efeito, causado pela redução na oferta de linhas interbancárias (de cerca de US$ 2 bilhões de janeiro de 2002 até 15 de agosto) foi amplificado pela crescente demanda por financiamentos, já que as exportações têm crescido nos últimos meses. O Banco
Central decidiu então intervir
nesse mercado, oferecendo linhas de exportação para os
bancos, que são obrigatoriamente repassadas para as empresas.
(2) O BC atua exclusivamente
com as instituições financeiras,
sempre de modo transparente, a
mercado, sem favorecimentos, e
estimulando a competição e a
eficiência. É por isso que utilizamos o sistema de leilões, em vez
de estipular cotas ou volumes
arbitrários.
(3) Cerca de 90% do financiamento às exportações (87% dos
ACCs e ACEs) são concedidos
pelos conglomerados financeiros dos bancos "dealers". Logo,
não é verdade que essas instituições nada tenham a ver com o
comércio exterior. Desde ontem
[dia 3 deste mês", os "dealers"
podem repassar para outros
bancos "não-dealers" os recursos obtidos no leilão. Desse modo, após somente cinco leilões
feitos pelo BC, gradual e prudentemente, ampliamos o sistema de acesso para atender aos
10% restantes do mercado não-cobertos diretamente pelos
"dealers".
(4) Estabelecemos limites para
cada instituição com base em
dois critérios: (4.1) Patrimônio
de Referência (proxy do PL, medindo capacidade econômica) e
(4.2) Um número, atualizado
semanalmente, que é diretamente proporcional à quantidade de recursos que cada instituição destinou ao financiamento
de comércio exterior nas últimas semanas, excluindo-se obviamente os recursos obtidos
com o BC.
A idéia aqui é dar um incentivo aos bancos que captam recursos no exterior e os repassam
aqui dentro, além de estimulá-los a captar recursos no exterior.
Assim, por exemplo, bancos
"dealers" que têm zero de financiamento a comércio, isto é,
nunca participaram desse mercado, têm limite zero nos leilões
e não podem tomar esses recursos, a não ser para repasse imediato para outros bancos que tenham participação nesse mercado.
(5) Aumentamos o prazo de
cinco para sete dias corridos para que os bancos repassem os recursos aos exportadores. De
qualquer modo, no nosso diálogo diário com os bancos, isso
nunca foi objeto de questionamento ou queixa. Dos US$ 488,5
milhões vendidos até agora pelo
BC, US$ 457 milhões foram repassados aos exportadores antes
do prazo dado pelas regras dos
leilões.
(6) Portanto não há fundamento na informação de que
haja necessidade de prazos
maiores, inclusive para negociação de carta de crédito etc., para
que o exportador feche um contrato de câmbio e com base nele
tome um adiantamento. Num
contrato de câmbio, os elementos referentes ao importador,
produto e país de destino da
mercadoria não são condicionantes ao seu fechamento. Por
consequência, não são impeditivos para que sobre ele seja tomado um adiantamento. Além
disso, há a alternativa para que
os recursos sejam aplicados na
fase pós-embarque, o que também tem ocorrido em menor
proporção. Caso o prazo dado
fosse muito grande, surgiriam
oportunidades inequívocas de
arbitragem para os bancos, prejudicando o objetivo dos leilões.
(7) Concluindo, iniciamos e
estamos operando um sistema
de leilões que tem dado ótimos
resultados. O arrefecimento da
procura pelos recursos nos leilões é um sinal de que o excesso
de demanda que prevalecia no mercado há duas semanas tem
diminuído rapidamente -em outras palavras, que as operações do BC têm atingido o seu objetivo. Irrigamos o mercado rapidamente, de forma prudente, transparente, eficiente, a mercado, sem favorecimentos ou alocações de cotas arbitrárias."
Comento o e-mail em outra coluna.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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