LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O "Proar" pacote de ajuda do governo para as empresas aéreas foi feito sob encomenda para beneficiar a Varig e evitar que ela decrete falência. Essa é a opinião unânime de três analistas e executivos do setor ouvidos ontem pela Folha.
A Folha apurou que o pacote irritou vários concorrentes da Varig. O presidente da Vasp, Wagner Canhedo, disse que "parte [do pacote de auxílio" foi feito, mas há muito o que se fazer."
Os seis principais itens do pacote beneficiam diretamente a Varig. O benefício mais evidente é o perdão da dívida de R$ 500 milhões relativos ao PIS e Cofins incidentes sobre as passagens de vôos internacionais vendidas entre 1988 e 1999. A Varig é a única empresa brasileira que atuou fortemente no ramo de viagens ao exterior nesse período.
A Vasp não voa mais para o exterior, a Gol não usa essas rotas e a TAM está nesse mercado há cerca de três anos, com poucos vôos.
Com a anistia, a Varig poderá eliminar do seu balanço o provisionamento de recursos para honrar a dívida, que estava sendo questionada na Justiça.
Um analista previu que a anistia será maior que os R$ 500 milhões previstos pelo governo, pois as dívidas foram subavaliadas para não afetar muito os balanços.

Mais benefícios
Somente ontem, as ações da Varig valorizaram 8,96%. A empresa também sai beneficiada com a cobrança do PIS e Cofins que passa a incidir sobre o querosene de aviação para companhias estrangeiras. Com isso, ela terá mais condições de enfrentar concorrentes como a United Airlines. O PIS e Cofins para vôos no Brasil já existiam e continuarão a incidir sobre os preços das passagens de todas as empresas nacionais.
Também a isenção dos 15% da alíquota de Imposto de Renda Retido na Fonte para leasing financeiro (que garante a compra da aeronave) beneficiará a Varig. Dos 110 aviões do novo grupo Varig, cerca de dez são alugados com esse tipo de contrato.
A TAM também será beneficiada pela medida, pois tem 28 aviões nessa categoria. Já a Gol e a Vasp não têm contratos de leasing financeiro para nenhum de seus aviões.
Uma decisão do governo que beneficiará todas as empresas é a redução de 7,05% para zero da alíquota do IOF no seguro de responsabilidade civil. Segundo Robert Both, sócio da consultoria norte-americana Avman, localizada em Miami, nos Estados Unidos, esse seguro representa de 1% a 2% dos custos de operação das aeronaves.
Todas as empresas do setor serão beneficiadas ainda com a redução do Imposto de Importação incidente sobre componentes.

Mudança na Varig Log
O executivo José Carlos Rocha Lima deixou a presidência da Varig Log, empresa de entrega de encomendas da Varig. Todos os diretores daquela empresa também deixaram seus cargos. A Varig Log vem sofrendo uma queda no volume de encomendas, que caiu de 640 mil toneladas em 1998 para 629 mil toneladas em 2001.
Segundo a Folha apurou, o presidente da Varig, Arnin Lore, ainda não decidiu se a companhia será extinta ou reestruturada.


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