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FIM DO SUFOCO?
Analistas prevêem melhora diferenciada por setor da atividade
Pesquisa da CNI indica alta nas vendas da indústria
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A trajetória de queda da atividade industrial, que predominou no
primeiro semestre, foi interrompida em julho, segundo dados divulgados ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Na opinião de analistas, entretanto, a recuperação do nível de atividade só deverá a ocorrer nos próximos meses, e de forma heterogênea entre os diferentes setores
industriais.
Em julho, as vendas reais da indústria, expurgados os efeitos sazonais, cresceram 0,94% em relação a junho, segundo a CNI
-melhor resultado desde março.
Sem descontar as influências sazonais, o crescimento real de vendas ficou em 7,52% no período.
Todos os indicadores (vendas,
número de horas trabalhadas, salários reais e utilização da capacidade instalada) - com exceção
do nível de emprego- foram positivos naquele mês.
Mesmo assim, "ainda é cedo para afirmar que está havendo uma
inversão do quadro de retração",
diz Flávio Castelo Branco, coordenador da unidade de política
econômica da CNI.
Na sua opinião, os indicadores
da atividade industrial deverão
permanecer estáveis, em torno do
patamar de julho, nos próximos
meses. "Só mais para o final do
ano teremos uma retomada gradual, e bem heterogênea", diz.
Que ninguém se iluda, porém,
com a recuperação esperada para
o curto prazo, alerta Castelo Branco. "Ela não significará uma retomada forte do crescimento econômico; será compatível com os
níveis de crescimento do PIB registrados nos últimos dois anos,
em torno de 1,5% anuais", afirma.
Segundo Castelo Branco, setores voltados para o mercado externo já vêm mostrando melhor
desempenho, enquanto naqueles
voltados para o consumo interno
ainda há muita assimetria.
Análise semelhante sobre o desempenho da indústria tem a
LCA Consultoria. "Eu diria que
estamos num ponto de inflexão,
os dados de agosto e setembro deverão mostrar isso", diz Francisco
Pessoa Faria, economista da empresa. Na sua avaliação, "se estiver mesmo vindo uma recuperação, vamos ter indicadores heterogêneos e com descompasso nos
próximos meses".
Faria lembra que alguns setores
como construção civil, por exemplo, deverão se recuperar mais
lentamente. Esse setor encolheu
11% no segundo trimestre deste
ano. "Sua recuperação depende
de um aumento da confiança do
consumidor que o leve a assumir
dívidas de longo prazo com financiamento imobiliário", diz o economista da LCA.
Desigualdade regional
Os Indicadores Industriais da
CNI, divulgados ontem, mostram
uma retomada das vendas em todos os Estados no mês de julho
em relação a junho. Em sete deles,
as taxas foram superiores àquela
observada para o país. "Os resultados foram influenciados pelo
aumento das exportações e pelo
início do processamento de safras", diz o boletim da CNI.
Castelo Branco explica que o
comportamento das economias
regionais seguiu o ritmo dos setores industriais dominantes em cada estado. Em Goiás, o Estado
com maior crescimento das vendas reais, houve um aumento de
14,62% em julho em relação a junho. O que puxou os resultados
foi o bom desempenho dos setores químico, de produtos alimentícios e minerais não metálicos.
Já a Bahia - crescimento de
13,4% em relação a junho- foi
beneficiada pelos resultados dos
setores químico, de produtos alimentícios e de metalurgia.
Na comparação com julho do
ano passado, porém, dos 13 Estados analisados pela CNI, apenas
dois apresentaram taxa positiva
nas vendas reais. No conjunto do
país, as vendas reais caíram 3,94%
em julho deste ano em relação a
julho do ano passado. Nos sete
primeiros meses de 2003, os dados da CNI ainda mostram um
fôlego curto da indústria (0,06%
de aumento de vendas reais). Segundo a CNI, essa estagnação é
resultado das dificuldades do setor para se desfazer dos estoques.
Refletindo o desempenho das
vendas, o ritmo de produção ainda não mostrou reação: o nível de
utilização da capacidade instalada
com ajuste sazonal, ficou estável
em julho em relação a junho
(79,1%). Na comparação com julho de 2002, houve queda de quase dois pontos percentuais.
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