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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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CONTRAMÃO

Previsão agora é de 0,9%

Meta de crescimento de 2003 cai à metade

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em nota técnica, o Ministério do Planejamento estimou ontem que a economia deverá crescer cerca de 0,9% neste ano. Isso significa dizer que, em uma semana, a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003 caiu pela metade. Na semana passada, quando encaminhou a proposta de Orçamento da União para 2004 ao Congresso, o governo ainda contava com crescimento de 1,8% do PIB neste ano.
A nota do Planejamento foi divulgada para contestar a previsão feita na véspera pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), subordinado ao Ministério do Planejamento. Os pesquisadores estimaram que a economia cresceria 0,5% em 2003.
A assessoria econômica do Planejamento projeta crescimentos da economia no terceiro e no quarto trimestres do ano de 1,26% e de 3,49%, respectivamente, em comparação com os trimestres anteriores. As projeções da variação do PIB não levam em conta as influências sazonais. Os números não são suficientes, no entanto, para reverter o desempenho ruim do início do ano.
"A taxa de crescimento do PIB anual ficará comprometida pelo desaquecimento do primeiro semestre do ano, devendo situar-se entre 0,7% e 1,1%", conclui a nota do ministério.
As projeções da assessoria econômica do Planejamento registram nova desaceleração do crescimento nos dois primeiros trimestres de 2004. Ainda assim, a economia cresceria no ano os 3,5% das previsões oficiais contidas no projeto de lei orçamentária e no Plano Plurianual.

Furlan otimista
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que a pesquisa do IBGE sobre a produção industrial de julho (ver página anterior) mostra que o período de baixa da economia brasileira está acabando. "Vamos ter um último trimestre neste ano com índices positivos", afirmou.
Furlan se disse mais otimista do que os números do IBGE. "A pesquisa é baseada em índices passados. Já a do ministério apresenta perspectivas positivas e reais, porque temos uma ligação direta com os setores produtivos", disse o ministro, que participou de um almoço com empresários na Associação Comercial do Rio.
O ministro comparou a atual situação da economia brasileira à previsão do tempo. Para ele, as "nuvens que pairam" sobre a economia estão se dissipando e o futuro será de "tempo bom".
"Toda previsão, até a do tempo, depende de adversidades e coisas boas. Para o ano que vem, a baixa do saldo [da balança comercial] vai depender do tempo da economia brasileira. Se ela se recuperar, é natural que haja aumento das importações e diminuição no superávit [comercial]."

Meta e Palmeiras
A estimativa de Furlan é que o Brasil feche 2003 com superávit de US$ 20 bilhões na balança comercial. "É mais fácil nós ultrapassarmos essa meta do que o Palmeiras subir para a primeira divisão [do Campeonato Brasileiro]", disse, provocando risos entre empresários que o assistiam.
Ele acredita que a taxa de juros em 2004, descontada a inflação, ficará abaixo de um dígito. "Há um trabalho magistralmente feito pelo ministro [da Fazenda, Antonio] Palocci [Filho], apesar das reclamações. Eu mesmo reclamo um pouco, embora internamente, e não pela imprensa."
Pouco antes do almoço, Furlan participou do encerramento do seminário "Defesa Comercial", onde anunciou que 2004 será dedicado ao comércio interno. "Nossa expectativa é que tenhamos um crescimento de 3% do PIB [em 2004]", afirmou.


Colaborou a Sucursal do Rio

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