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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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SOCORRO

Fundo libera penúltima parcela do atual acordo; Palocci diz que, se houver renovação, contrapartidas e valor serão menores

Brasil vai sacar mais US$ 4,16 bi do FMI

SÍLVIA MUGNATTO
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse ontem que, se houver novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), ele terá menos condicionantes e um valor bem menor que os US$ 30 bilhões disponibilizados no atual. Ele também informou que o Brasil vai sacar a parcela de US$ 4,16 bilhões liberada ontem.
"Acredito que estamos muito perto de um momento em que não será mais preciso ter o apoio financeiro do FMI." Questionado se isso ocorreria ainda no atual governo, que termina em 2006, Palocci só respondeu que sim.
A parcela do empréstimo liberada ontem pelo FMI é a penúltima do acordo, mas Palocci também sinalizou que o país vai sacar os US$ 7,7 bilhões que o Fundo deve liberar em novembro, caso as metas do acordo para setembro sejam cumpridas.
"O dinheiro é mais barato que o de outras fontes e nós estamos trabalhando para fortalecer as reservas internacionais", disse. Ele comentou o desembolso como se não houvesse a opção de não retirar o dinheiro. "Estamos fazendo o que foi programado."
Em nota divulgada pelo FMI, a vice-diretora-gerente, Anne Krueger, ressaltou o fato de o governo brasileiro ter aprovado as reformas tributária e previdenciária "bem antes" do prazo estabelecido no acordo.
"Essa performance elogiável permitiu melhoras nas variáveis de mercado financeiro e preparou o cenário para a volta do crescimento sustentado e dinâmico", disse Krueger. Segundo ela, há possibilidade de quedas dos juros mais acentuadas. "À medida que a inflação convergir para as metas do governo, haverá espaço nos próximos meses para maior flexibilização da política monetária."
Palocci explicou que uma eventual renovação do acordo será feita em novas bases porque o momento vivido pelo país durante a negociação do contrato em vigor era muito diferente do atual. "Vivíamos uma crise econômica. Hoje vemos possibilidade de crescimento da economia."

Anticíclico
O ministro disse que o país vai adotar o mecanismo anticíclico para o superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros) a partir de 2005. O mecanismo prevê a redução do superávit caso a economia cresça menos que o esperado.
"Eu não acho que o FMI pediria mudança nisso", afirmou Palocci, ao argumentar a partir da hipótese de o acordo ser renovado.
A Folha apurou com assessores do ministro que o prazo de 2005 é considerado "indicativo". O mecanismo anticíclico só seria adotado caso a percepção do mercado sobre os riscos da dívida pública brasileira não seja negativa.
Para alguns técnicos, isso só acontecerá se a dívida cair abaixo de 50% do PIB. O Plano Plurianual apresentado nesta semana prevê que esse percentual só será alcançado em 2007.


Colaborou André Soliani, da Sucursal de Brasília

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