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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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INTEGRAÇÃO

Presidente critica protecionismo e diz que países pobres vão participar como protagonistas na reunião da OMC

Lula diz não querer "piedade" no comércio

Nabor Goulart/Associated Press
O presidente Lula de chapéu que ganhou na Expointer (RS), ao lado do uruguaio Jorge Battle


PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A ESTEIO

Em resposta a críticas ao Brasil de autoridades americanas e européias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os países em desenvolvimento não querem "piedade" das nações ricas.
Na sua opinião, de maneira inédita, os países mais pobres vão participar da próxima reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio), com papel de "protagonista" da discussão sobre subsídios agrícolas.
"Não queremos piedade dos países ricos. Queremos oportunidade de disputarmos em igualdade de condições. Se é um mundo de livre mercado, vamos fazê-lo livre, porque não temos medo de competir", disse Lula, na frase mais aplaudida de seu discurso de 25 minutos para produtores e trabalhadores rurais em Esteio, a 30 km de Porto Alegre (RS).
A próxima reunião da OMC acontecerá na semana que vem, em Cáncun (México). Anteontem, os comissários (espécie de ministros) europeus para o Comércio, Pascal Lamy, e para Agricultura, Franz Fischler, deram a entender que darão tratamento de segunda classe ao documento sobre liberalização agrícola apresentado pelo grupo de 20 países em desenvolvimento, que é comandado por Brasil e Índia. Robert Zoellick, negociador pelos EUA, também criticou o Brasil.
"Pela primeira vez, os ministros [de países em desenvolvimento] vão estar na reunião da OMC numa posição minimamente vantajosa. Não estarão como coadjuvantes, mas como protagonistas da discussão", declarou Lula.
"Estamos há muitos anos, brigando, lutando, chorando para que os subsídios agrícolas dos países ricos não sejam um entrave para o crescimento das nossas exportações. Não há um discurso de um governante do Terceiro Mundo em que a questão do protecionismo europeu e americano não esteja presente", afirmou.
Para o presidente, não adianta pedir o fim do subsídios, mas conquistá-lo. "O que precisamos é criar uma força política que nos dê condições de entrar na negociação sem estar precisando tanto dos países que impõem o protecionismo. Porque aí eles passarão a perceber que já não somos tão dependentes. E tomarão a iniciativa fazer negócio conosco."
No seu pronunciamento a participantes da feira de agronegócios Expointer, de Esteio, Lula disse acreditar no potencial do setor. "Somos capazes de produzir mais e melhor do que muitos que, por não terem condições de competir conosco, atrapalham que nossos produtos possam fluir pelos mercados globais que eles próprios criaram."


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