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POLÊMICA
Secretários querem liberação de produtos e regulamentação para o setor
Estados pedem transgênicos livres
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Reunido ontem em Belo Horizonte (Minas Gerais) o Fórum
Nacional dos Secretários de Agricultura aprovou moção solicitando ao presidente Luiz Inácio Lula
da Silva a regulamentação do
plantio comercial de vegetais
transgênicos, por meio de proposta a ser encaminhada ao Congresso Nacional.
Os secretários reivindicam também o restabelecimento dos poderes da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança)
para deliberar sobre o tema, assim
como a liberação imediata de recursos para pesquisas sobre os
transgênicos.
Havia representantes de 19 Estados na reunião, sendo 14 secretários de Agricultura. No momento
em que a moção foi colocada em
votação, nenhum representante
se opôs a ela. No entanto, alguns
deles fizeram ressalvas ao texto.
O plantio de OGMs (Organismos Geneticamente Modificados), os transgênicos, é proibido
no Brasil. Em fevereiro, o governo
editou medida provisória liberando a comercialização da soja
transgênica até janeiro de 2004,
mas um grupo interministerial
ainda prepara projeto de lei que
definirá a política para o setor.
Há também divisões dentro do
próprio governo sobre qual deve
ser o poder da CNTBio, órgão formado por representantes de vários ministérios e da sociedade civil, responsável pela análise da
biossegurança dos transgênicos.
O grupo ambientalista Greenpeace e o Idec (Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor) questionam na Justiça a competência
da CNTBio para emitir pareceres
conclusivos sobre transgênicos,
sem estudos prévios de impacto
ambiental.
Na prática, o documento aprovado ontem marca a posição favorável dos secretários pela liberação dos produtos transgênicos
no país. "Nós queremos é liberar e
regulamentar", afirmou o presidente do fórum, Gabriel Maciel,
secretário de Agricultura de Pernambuco. "Não há um registro de
que organismos geneticamente
modificados causem danos à saúde e ao ambiente."
O apoio à moção não foi unânime. Para o chefe da Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria de Agricultura do Paraná, os estudos na
área ambiental e de saúde sobre o
assunto "não são conclusivos".
O Paraná, que produziu cerca
de 12 milhões de toneladas de soja
não-transgênica na última safra,
teme perder mercado com a liberação dos OGMs.
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