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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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AÇÕES PLATINAS

Governo não quer tema na meta com Fundo

Reajuste de tarifas públicas barra novo acordo de FMI e Argentina

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O reajuste das tarifas públicas, congeladas desde janeiro de 2002, é o principal gargalo das negociações entre o governo argentino e o FMI (Fundo Monetário Internacional) para fechar um novo acordo, de médio prazo.
Segundo a Folha apurou, o governo se mantém firme na posição de não incluir o tema dentro do acordo, enquanto o Fundo exige que seja definido, ao menos, um cronograma de reajustes.
A cobrança do Fundo foi criticada ontem pelo presidente Néstor Kirchner. "[O Fundo] não tem que fazer lobby para grupos e empresários", disse. Kirchner diz que não vai assumir compromissos para elevar os preços.
A justificativa do FMI é que, sem um aumento das tarifas, as empresas não farão os investimentos de que a Argentina necessita para sustentar a recuperação econômica.
Toda a polêmica voltou à tona no dia seguinte a um corte no fornecimento de água que afetou 60% dos moradores da Grande Buenos Aires e paralisou o funcionamento de escolas e hospitais. A Águas Argentinas, empresa responsável pelo serviço, diz que cortou a distribuição porque encontrou substâncias prejudiciais à saúde nos reservatórios.
A justificativa, no entanto, não convenceu o governo.
Uma análise realizada por técnicos da Prefeitura de Buenos Aires questiona a informação e informa que "não foram detectados odores, colorações ou substâncias diferentes das habituais nas amostras estudadas".
Essa não foi a primeira vez em que o governo desconfiou das empresas, temendo que os cortes no fornecimento sejam uma forma de pressão para que se autorize os reajustes. No início de agosto, a cidade de Buenos Aires enfrentou um apagão que teria sido provocado por problemas técnicos segundo a Edusur, empresa responsável pelo fornecimento de energia no município.
Na época, em declarações à imprensa, Kirchner disse ter ficado "preocupado". "Espero que os cortes não sejam algum mecanismo de pressão aos quais esses grupos estão acostumados a usar", disse. Os demais pontos das negociações, como a meta de superávit primário, já estariam praticamente fechados. O governo se comprometeria com uma economia de 3% do PIB (Produto Interno Bruto) a partir do ano que vem, 0,5 ponto percentual acima da atual meta de 2,5% do PIB. O acordo seria de três anos, com revisão de metas a partir de 2005.


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