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AÇÕES PLATINAS
Governo não quer tema na meta com Fundo
Reajuste de tarifas públicas barra novo acordo de FMI e Argentina
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O reajuste das tarifas públicas,
congeladas desde janeiro de 2002,
é o principal gargalo das negociações entre o governo argentino e o
FMI (Fundo Monetário Internacional) para fechar um novo acordo, de médio prazo.
Segundo a Folha apurou, o governo se mantém firme na posição de não incluir o tema dentro
do acordo, enquanto o Fundo exige que seja definido, ao menos,
um cronograma de reajustes.
A cobrança do Fundo foi criticada ontem pelo presidente Néstor Kirchner. "[O Fundo] não tem
que fazer lobby para grupos e empresários", disse. Kirchner diz
que não vai assumir compromissos para elevar os preços.
A justificativa do FMI é que,
sem um aumento das tarifas, as
empresas não farão os investimentos de que a Argentina necessita para sustentar a recuperação
econômica.
Toda a polêmica voltou à tona
no dia seguinte a um corte no fornecimento de água que afetou
60% dos moradores da Grande
Buenos Aires e paralisou o funcionamento de escolas e hospitais. A Águas Argentinas, empresa responsável pelo serviço, diz
que cortou a distribuição porque
encontrou substâncias prejudiciais à saúde nos reservatórios.
A justificativa, no entanto, não
convenceu o governo.
Uma análise realizada por técnicos da Prefeitura de Buenos Aires
questiona a informação e informa
que "não foram detectados odores, colorações ou substâncias diferentes das habituais nas amostras estudadas".
Essa não foi a primeira vez em
que o governo desconfiou das
empresas, temendo que os cortes
no fornecimento sejam uma forma de pressão para que se autorize os reajustes. No início de agosto, a cidade de Buenos Aires enfrentou um apagão que teria sido
provocado por problemas técnicos segundo a Edusur, empresa
responsável pelo fornecimento de
energia no município.
Na época, em declarações à imprensa, Kirchner disse ter ficado
"preocupado". "Espero que os
cortes não sejam algum mecanismo de pressão aos quais esses
grupos estão acostumados a
usar", disse. Os demais pontos
das negociações, como a meta de
superávit primário, já estariam
praticamente fechados. O governo se comprometeria com uma
economia de 3% do PIB (Produto
Interno Bruto) a partir do ano que
vem, 0,5 ponto percentual acima
da atual meta de 2,5% do PIB. O
acordo seria de três anos, com revisão de metas a partir de 2005.
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