São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Sem reforma, país cresce menos de 5%, vê consultoria

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

A ausência de reformas fundamentais deve continuar restringindo a expansão do investimento estrangeiro direto no Brasil, fazendo com que a taxa de crescimento da economia fique abaixo dos 5% anuais almejados pelo governo. Essa é a conclusão do relatório "Projeções de investimento mundial até 2011", elaborado pela consultoria Economist Intelligence Unit com a Universidade de Columbia, de Nova York.
Entre as reformas necessárias para o país atrair recursos externos para projetos e companhias nacionais, estão, segundo o estudo, a tributária e a trabalhista. "Porém, a principal é a infra-estrutura", disse à Folha o professor Karl Sauvant, diretor-executivo do Programa de Investimento Estrangeiro da Escola de Direito da universidade e co-editor do documento. "Quem vai querer colocar dinheiro em um setor voltado à exportação, por exemplo, se não há estradas e portos para escoar a produção?"
Na opinião dos pesquisadores -que combinaram modelos matemáticos e entrevistas com empresários-, o governo Lula não consegue transformar a sua popularidade em eficiência política para aprovar as reformas e corrigir outros problemas graves como a falta de um arcabouço regulatório claro e a elevada criminalidade.
Apesar disso, e aproveitando-se da bonança global, o país deve receber em 2007 volume recorde de investimento estrangeiro direto, US$ 34,5 bilhões; mas, nos próximos quatro anos, quando se espera uma desaceleração global, o montante vai ficar praticamente estável: US$ 27 bilhões em 2008, US$ 25 bilhões em 2009, US$ 25 bilhões em 2009 e US$ 26 bilhões em 2010. Já na China, estrela entre os emergentes, a entrada de dinheiro aumentará. Neste ano, serão US$ 79,5 bilhões; nos seguintes, US$ 84,1 bilhões, US$ 86,5 bilhões, US$ 90,9 bilhões e US$ 92,9 bilhões. Na média dos cinco anos, o Brasil fica com o 14º lugar na preferência dos investidores. Os EUA lideram a lista, seguidos por Reino Unido e China.
As maiores oportunidades aos estrangeiros, de acordo com o relatório, estão na infra-estrutura com as PPPs (Parcerias Público-Privadas), bens de consumo, devido ao aumento da renda, na exploração de recursos naturais, como a mineração, e no setor de energia, especialmente biocombustíveis.

Tendência mundial
Até 2011, as fusões e aquisições de empresas ainda serão os determinantes essenciais do fluxo de investimento estrangeiro, que deve somar US$ 1,474 trilhão neste ano e US$ 1,604 trilhão em 2011.
As maiores ameaças ao trânsito de recursos são a elevação de tensões geopolíticas (como uma eventual guerra EUA-Irã e atentados terroristas) e o aumento do protecionismo.
"As nações têm que cooperar mais entre si para crescerem, e não o contrário", frisou o professor Jeffrey Sachs, autor de uma das análises do relatório.


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