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Sem reforma, país cresce menos de 5%, vê consultoria
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
A ausência de reformas fundamentais deve continuar restringindo a expansão do investimento estrangeiro direto no
Brasil, fazendo com que a taxa
de crescimento da economia fique abaixo dos 5% anuais almejados pelo governo. Essa é a
conclusão do relatório "Projeções de investimento mundial
até 2011", elaborado pela consultoria Economist Intelligence Unit com a Universidade de
Columbia, de Nova York.
Entre as reformas necessárias para o país atrair recursos
externos para projetos e companhias nacionais, estão, segundo o estudo, a tributária e a
trabalhista. "Porém, a principal
é a infra-estrutura", disse à Folha o professor Karl Sauvant,
diretor-executivo do Programa
de Investimento Estrangeiro
da Escola de Direito da universidade e co-editor do documento. "Quem vai querer colocar dinheiro em um setor voltado à exportação, por exemplo, se não há estradas e portos
para escoar a produção?"
Na opinião dos pesquisadores -que combinaram modelos matemáticos e entrevistas
com empresários-, o governo
Lula não consegue transformar
a sua popularidade em eficiência política para aprovar as reformas e corrigir outros problemas graves como a falta de
um arcabouço regulatório claro e a elevada criminalidade.
Apesar disso, e aproveitando-se da bonança global, o país
deve receber em 2007 volume
recorde de investimento estrangeiro direto, US$ 34,5 bilhões; mas, nos próximos quatro anos, quando se espera uma
desaceleração global, o montante vai ficar praticamente estável: US$ 27 bilhões em 2008,
US$ 25 bilhões em 2009, US$
25 bilhões em 2009 e US$ 26
bilhões em 2010. Já na China,
estrela entre os emergentes, a
entrada de dinheiro aumentará. Neste ano, serão US$ 79,5
bilhões; nos seguintes, US$
84,1 bilhões, US$ 86,5 bilhões,
US$ 90,9 bilhões e US$ 92,9 bilhões. Na média dos cinco anos,
o Brasil fica com o 14º lugar na
preferência dos investidores.
Os EUA lideram a lista, seguidos por Reino Unido e China.
As maiores oportunidades
aos estrangeiros, de acordo
com o relatório, estão na infra-estrutura com as PPPs (Parcerias Público-Privadas), bens de
consumo, devido ao aumento
da renda, na exploração de recursos naturais, como a mineração, e no setor de energia, especialmente biocombustíveis.
Tendência mundial
Até 2011, as fusões e aquisições de empresas ainda serão
os determinantes essenciais do
fluxo de investimento estrangeiro, que deve somar US$
1,474 trilhão neste ano e US$
1,604 trilhão em 2011.
As maiores ameaças ao trânsito de recursos são a elevação
de tensões geopolíticas (como
uma eventual guerra EUA-Irã e
atentados terroristas) e o aumento do protecionismo.
"As nações têm que cooperar
mais entre si para crescerem, e
não o contrário", frisou o professor Jeffrey Sachs, autor de
uma das análises do relatório.
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