São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Semana ruim abate Bolsa, que perde 6,7%

Após forte depreciação, ações se recuperaram no fim do dia; Bolsa paulista terminou o pregão de ontem com alta de 1%

Na Europa, os mercados acionários fecharam em baixa; dólar perdeu força e fechou ontem a R$ 1,72; na semana, subiu 5,2%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bovespa conseguiu respirar ontem na última hora de pregão, e subiu 1,03%. Mas o resultado da Bolsa de Valores de São Paulo na semana, em que acumulou desvalorização de 6,72%, foi fortemente decepcionante para os investidores.
O dia começou bastante negativo, dando continuidade às fortes perdas sofridas pela Bolsa na quinta, quando caiu 3,96%. Na primeira hora de pregão, o Ibovespa chegou a marcar queda de 2,56%, batendo em 50.091 pontos -fechou a 51.939 pontos. A Bovespa encerra a semana com perda acumulada de 18,7% em 2008.
Os números do mercado de trabalho americano, que apontaram elevação na taxa de desemprego do país, dificultaram um comportamento mais favorável do mercado. Todavia, com o recuo pesado das Bolsas, muitas ações ficaram atrativas e acabaram por chamar os investidores no fim do dia.
O movimento da Bovespa acompanhou Wall Street. Por lá, o índice Dow Jones, que reúne as 30 ações americanas mais líquidas, encerrou em alta de 0,29%, depois de marcar depreciação de 1,35% no pior momento de ontem.
Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros, diz que houve "exagero nas vendas na abertura das Bolsas" ontem, com os números ruins do mercado de trabalho dos EUA. "No fim do dia, houve reação do mercado em razão do exagero. Mas nada mudou, o cenário ainda segue muito complicado", diz Monteiro.
Mesmo com o petróleo em baixa no exterior, os papéis da Petrobras fecharam ontem em alta. O barril de petróleo recuou para US$ 106,23 em Nova York, após cair 1,54%.
A ação preferencial da Petrobras, a mais negociada do dia, chegou a recuar 3,75% ontem, para R$ 30,25. Nesse nível, atraiu investidores e terminou o pregão em alta de 1,30%. Na semana, o papel caiu 8,7%.
Na Europa, palco da nova onda de pessimismo, não houve tempo para recuperações, e as Bolsas de Valores voltaram a ter perdas expressivas. O índice FTSEurofirst 300, que agrupa as principais ações européias, teve queda de 2,24%.
Na Ásia, o último dia da semana também foi negativo. O índice Nikkei, de Tóquio, perdeu 2,26%. A Bolsa da China caiu 3,29%.
A queda da Bolsa em Londres ontem ficou em 2,26%, com as ações dos bancos sendo destaque de baixa. Em Frankfurt, o recuo ficou em 2,42%.
As principais Bolsas do mundo terminaram a semana com queda acumulada. Entre os piores desempenhos apareceram Londres, que recuou 7,02%, e Tóquio, cujo principal índice caiu 6,58% no período.
"O mercado entrou em uma nova onda de aversão [ao risco], com o temor reforçado de recessão nas grandes economias. Aqui a Bolsa vai junto, sofrendo especialmente com a concentração que o Ibovespa tem em Petrobras e em siderúrgicas", diz Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais).
Em dólar, o índice Ibovespa registrou depreciação de 11,9% na semana. A queda no mercado acionário brasileiro foi generalizada: apenas 8 dos 66 papéis que formam o Ibovespa conseguiram escapar de fechar a semana no vermelho.
As duas ações que mais se desvalorizaram na semana foram a ON da JBS (-19,45%) e a ON da Usiminas (-17,96%).

Dólar mais caro
O mercado de câmbio doméstico teve desempenho similar ao acionário: após abrir bastante pressionado, deu alívio no fim do dia. A moeda americana encerrou cotada a R$ 1,72 (baixa de 0,12%). Mas chegou a ser vendida a R$ 1,75 no começo do dia.
Na semana, o dólar registrou apreciação de 5,20%. Com isso, a queda da divisa americana diante do real no ano passou a ser de apenas 3,21%.
Além do real, o dólar tem se apreciado com força diante de moedas como o euro e a libra.
Em meio à piora da crise, o Copom vai definir a taxa Selic na semana que vem. Nos pregões da BM&F, os contratos futuros de juros tiveram alta moderada na semana. No contrato DI que vence na virada do ano, um dos mais negociados, a taxa foi de 13,88% para 13,92% anuais no período.
O Copom anunciará na próxima semana como fica a Selic, que está em 13% ao ano. A expectativa predominante é que a taxa seja elevada em ao menos 0,75 ponto percentual.


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