A alta no preço das matérias-primas para a construção civil e o aumento do custo da mão-de-obra devem ser repassados ao consumidor no ano que vem, segundo Sergio Watanabe, presidente do SindusCon-SP.
Para Watanabe, a economia aquecida permite o repasse de preços ao consumidor, mas a questão é saber se as pessoas podem comprar produtos com 10% de aumento. De acordo com o CUB (Custo Unitário Básico), calculado pelo SindusCon-SP, os custos da construção subiram até 10,64% em 12 meses em São Paulo.
Para os empreendimentos destinados a famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos, o reajuste deve ser fatal, segundo o representante do SindusCon. "A inflação é perniciosa para todo mundo, mas, quando incide sobre a baixa renda, tira do mercado um contingente muito importante que teria condição de comprar se não houvesse esse aumento de preço", afirma Watanabe.
A maior parte do déficit habitacional do país é de empreendimentos para as famílias de menor renda, que, geralmente, procuram opções com dois ou três dormitórios compactos.
De acordo com as estimativas do sindicato, neste ano, o crescimento do PIB da construção civil deve chegar a 10%. Na semana que vem, o SindusCon-SP se reúne com representantes da cadeia produtiva para estudar a ampliação da capacidade da indústria. "Pior do que aumento de preço é não ter produtos disponíveis."
A indústria da construção civil já opera quase no limite da capacidade instalada, sem condições de aumentar a produção a curto prazo. Outro problema é que as construtoras têm dificuldades para cumprir contratos fechados em 2007, antes da disparada dos preços.
A alta acumulada registrada em agosto é a maior desde o início da série, em fevereiro de 2007, mas o setor não via aumentos desse porte desde 2004 -o aumento, então, foi de 11,12% pela antiga metodologia.
Nos outros Estados, a pressão também é significativa. Segundo o INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), a alta acumulada em 12 meses até agosto chegou a 11,01%.
Watanabe diz que a inflação superior a 20% em itens básicos para a construção, como cimento e concreto -ambos com avanço superior a 28% em 12 meses-, é preocupante.
De acordo com o presidente do sindicato, a inflação inviabilizou os contratos fechados no fim do ano passado para entregas futuras porque as construtoras só podem fazer reajustes a cada 12 meses.
"As empresas estão com dificuldade de cumprir os contratos por causa do aumento não só dos insumos mas também da mão-de-obra", diz Watanabe.

TUBO DE ENSAIO
Os multimilionários Eli e Edythe Broad anunciaram nesta semana sua maior doação feita ao Broad Institute of Harvard & MIT, nos EUA. Os doadores, que já haviam destinado US$ 200 milhões à entidade, elevaram a quantia em US$ 400 milhões, para US$ 600 milhões. O instituto trabalha em descobertas de ligações genéticas para a cura e prevenção de doenças e o desenvolvimento da medicina. O valor será controlado pela Universidade Harvard para tornar o instituto um dos mais ricos centros de pesquisa científica do mundo.

MUDANÇA
O programa do seminário que comemora os 200 anos do Ministério da Fazenda foi alterado. O ex-ministro Antonio Palocci não encerra mais o evento. Sua participação foi gravada e será apresentada na terça-feira. O seminário será aberto na segunda-feira pelo presidente Lula e se encerrará na quarta.

MUSCULATURA
O UBS terá 15% de participação da nova empresa de André Esteves, a BTG (Banking and Trading Group).

GELADA
O grupo Schincariol está lançando a NS2 Black Mint, uma cerveja com sabor menta.

BRINDE
O jornalista Sergio Zobaran lança a segunda edição do livro "Evento é Assim Mesmo: do Conceito ao Brinde" (editora Senac Rio, 192 págs.). A obra, que tem prefácio de Gloria Kalil, discute organização, definição de objetivos, público-alvo e cuidados que os profissionais devem ter ao planejar eventos empresariais. O especialista, que foi professor da pós-graduação em eventos da Universidade Anhembi Morumbi, também conta histórias sobre eventos de grandes empresas no país.

CALENDÁRIO
Por problemas de agenda, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, cancelou a sua participação nos encontros do BIS (Banco de Compensações Internacionais, na sigla em inglês) que começam no final de semana, na Basiléia. Meirelles iria participar do evento, mas por conta de outros compromissos no Brasil, será representado pelo diretor de política econômica Mário Mesquita. O presidente do BC participa da reunião do Copom que começa na terça-feira e, ainda no mesmo dia, a sua presença está prevista em debates no seminário "Desenvolvimento Econômico: Crescimento com Distribuição de Renda" na Esaf (Escola de Administração Fazendária), em Brasília.

CALCULADORA
O faturamento do setor de bens não-duráveis do Estado do Rio de Janeiro cresceu 3,1% em julho, segundo pesquisa da Fecomércio-RJ. No mesmo mês, a receita do comércio cresceu 2,5% na comparação com igual período de 2007, com ciclo de 17 meses em alta.

DISPUTA
Não faz muito tempo, o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou que o valor de mercado da Petrobras era superior ao PIB argentino. Pelas contas de Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), nos meses de junho a agosto, o valor de mercado da Petrobras teve uma queda de US$ 70 bilhões. Ou seja, o correspondente a 35% do PIB argentino, que é de US$ 260 bilhões (veja tabela ao lado). Será culpa do pré-sal?

NO VÍDEO
A JV Logic, multinacional que tem a marca de placas de vídeos Zogis e que representa a PowerColor, terá placas produzidas no Brasil até o final do mês de setembro. A empresa fez parceria com uma fábrica de Curitiba para começar a produzir os componentes da Zogis.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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