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Novo aeroporto de São Paulo será privado, diz Jobim
Formato de concessões para Viracopos e Tom Jobim deve estar pronto em 2009; Rio-2016 influi na decisão de Lula
BNDES entregará ao governo estudo até o primeiro trimestre do ano que vem e pode financiar interessados nos aeroportos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
ANDRÉ ZAHAR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, afirmou ontem que no
próximo ano já será possível
adotar o modelo de concessão à
iniciativa privada dos aeroportos Tom Jobim, no Rio de Janeiro, e Viracopos, em Campinas, interior de São Paulo.
Segundo Jobim, a escolha
dos dois aeroportos foi feita de
forma estratégica a fim de permitir a comparação com o trabalho da Infraero, mas sinalizou que o governo pretende
continuar a adotar a gestão privada em novos empreendimentos.
O quarto aeroporto de São
Paulo, que ainda não tem local
definido, deverá ser construído
sob concessão da iniciativa privada. Segundo o ministro, a decisão foi tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva levando em conta, entre outros
fatores, a campanha do Rio de
Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016. O Rio obteve nota
baixa na avaliação dos aeroportos. No caso de Viracopos, a
idéia é ajudar a desafogar o tráfego nos aeroportos paulistas
de Congonhas e Guarulhos.
"Esperamos que no ano que
vem a gente tenha condições de
lançar o edital e estar com esse
assunto resolvido", afirmou Jobim, em entrevista no porta-aviões São Paulo, onde participou da cerimônia da passagem
de cargo de comandante de
Operações Navais.
Jobim disse ainda que o controle aéreo não será afetado:
"Não podemos abrir mão do
controle estatal sobre a circulação no espaço aéreo. Isso precisa mesmo da mão do Estado".
BNDES
O presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Luciano Coutinho, disse ontem
que entregará o estudo sobre o
modelo de concessão a ser adotado no Tom Jobim e em Viracopos até o fim do primeiro trimestre de 2009, em entrevista
após participar da edição especial do Fórum Nacional .
"A determinação do presidente Lula é que se pense não
em dez ou 15 anos, mas em 30
anos à frente. É uma modelagem complexa, mas será feita
no máximo de velocidade. (...) A
gente tem que estimar a demanda, fazer um projeto básico
e depois partir para um projeto
executivo, temos que ter toda a
apuração de custos. Para o Galeão [antigo nome do Tom Jobim], é mais fácil", disse.
Coutinho afirmou que, em
uma segunda etapa, o banco de
fomento poderá financiar as
empresas interessadas em administrar os aeroportos concedidos.
Segundo o ministro Jobim, o
presidente determinou a formação de uma política de pessoal para aproveitar os funcionários da Infraero que trabalham nestes aeroportos para a
própria estatal e para o concessionário.
A Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) entregará em outubro um estudo com possíveis
modelos de concessão para os
novos aeroportos.
A agência responsável pela
aviação deve trabalhar em parceria com o BNDES para elaborar o modelo de concessão dos
aeroportos existentes.
Para Paulo Bittencourt Sampaio, a decisão do governo foi
política e levou em conta principalmente a Copa do Mundo
de 2014, que requer uma estrutura aeroportuária mais eficiente. Ele destaca que, no caso
de Viracopos, será necessária
também uma alteração no perfil do aeroporto. "Viracopos é o
segundo maior aeroporto internacional de cargas do país e
tem também vôos domésticos
de passageiros", disse.
O ex-presidente da Infraero
Adyr da Silva afirmou que o novo operador terá receitas como
a taxa de embarque, de pouso,
de permanência, tarifas de uso
do terminal, aluguel de lojas e
restaurantes, entre outros.
Segundo ele, o governo deveria incluir no modelo de concessão alguns aeroportos que
não apresentam resultado favorável. "O escândalo não é privatizar, mas deixar em estado
de decomposição como está
hoje, sujo, com esteiras rolantes quebradas e precisando de
investimentos", afirmou, em
referência ao Tom Jobim. Ele
destaca que já existem aeroportos estaduais que foram repassados por concessão à iniciativa
privada, como os de Porto Seguro e de Cabo Frio.
Até o fim do ano, a Anac ainda deve colocar em consulta
pública a proposta de flexibilização dos aeroportos Santos
Dumont, no Rio, e Pampulha,
em Belo Horizonte. Caso a medida seja aprovada, há receio de
um esvaziamento ainda maior
do Tom Jobim.
O ministro da Defesa afirmou que a decisão não afetará
os planos do governo de fazer a
abertura de capital da Infraero,
mas, para especialistas, a estatal ficará ainda menos atraente
sem os aeroportos. Apenas uma
parte dos aeroportos administrados pela Infraero dá lucro.
"É muito difícil ocorrer essa
abertura de capital no governo
Lula", afirma Sampaio.
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