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MERCADO FINANCEIRO
Cotações dos C-bonds, papéis brasileiros negociados no exterior, têm recuperação em meio à crise
Título da dívida termina
semana em alta
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
O mercado de
títulos da dívida
externa renegociada dos países
emergentes saiu
na frente e embutiu nos preços a moratória
da Rússia antes mesmo de ela
acontecer. O C-bond, título brasileiro mais negociado, despencou
desde então. Mas, na semana passada, estranhamente, enquanto a
Bolsa de Valores de São Paulo caiu
13,42% e o mundo pegou fogo, as
cotações dos C-bond subiram.
O preço do C-bond, na sexta-feira retrasada, estava a 53,16% do
valor de face. No final da semana
passada, no dia 4, fechou a 54%.
O mercado atribui a alta a dois
fatores principais: 1) à atuação do
Banco Central brasileiro, que está
apertando os bancos e forçando
compras; e 2) ao fato de os títulos
da dívida externa pagarem, até a
semana passada, juros maiores do
que os pagos por títulos do governo no mercado interno brasileiro.
O Banco Central conhece o mercado de títulos da dívida externa.
Sabe que o número de papéis existente é limitado, mas que há um
mercado de aluguel, que possibilita a um banco vender títulos que
não possui.
Como apostavam que as cotações dos C-bonds iam despencar,
muitos bancos que atuam no mercado fizeram isso: venderam mais
títulos do que realmente possuíam. Ficaram, no jargão do mercado, alavancados e vendidos no
"short", no curto prazo.
O Banco Central, informalmente, entrou comprando C-bonds e
outro título brasileiro importante,
o IDU. Mas não colocou para alugar nenhum desses dois papéis.
Resultado: quando os bancos
"vendidos" tiveram de entregar
os papéis que não tinham, foram
forçados a vir a mercado e comprar, sustentando as cotações.
Para os investidores que ainda se
arriscam a ficar com papéis brasileiros, os papéis da dívida externa
renegociada eram uma boa alternativa. Seus juros estavam, até
sexta-feira, acima dos praticados
no mercado interno brasileiro.
Têm outra vantagem: não possuem risco no caso de desvalorização cambial, pois são negociados
no mercado internacional.
Para tentar segurar os investidores no país, o governo ofereceu,
nas últimas três semanas, R$ 4,5
bilhões de títulos da dívida interna
que variam de acordo com o câmbio. Procurou pagar juros compatíveis com os pagos pelos títulos da
dívida externa.
Na sexta-feira, o BC vendeu em
leilão no mercado interno títulos
com vencimento em 12 de março
de 99 e juros de 14,94% ao ano, na
máxima. O IDU, com vencimento
de cerca de um ano e três meses,
pagava, na sexta-feira, juros de
mais de 20% ao ano.
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