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PREÇOS
Taxa de 1,28% em outubro superou as expectativas, diz a Fipe; aumento é consequência da alta do dólar e da eleição
SP registra a maior inflação em 26 meses
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação resolveu dar um susto em um mês em que normalmente isso não ocorre. A frase é
de Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, e mostra a preocupação com as taxas atuais de inflação. A alta da inflação, bem acima das estimativas, se deve à turbulência eleitoral, segundo o economista da Fipe.
Em outubro, os preços subiram
1,28% em São Paulo, a maior taxa
desde agosto de 2000. Foi o segundo pior outubro do governo FHC
-o outro foi em 1995, quando a
taxa atingiu 1,48%.
A taxa do mês passado ficou acima da previsão inicial, que era de
0,30%. No ano, a inflação acumula 5,14%, o que obrigou a Fipe a
rever a taxa de 2002 para 6,50%,
também acima dos 3,50% previstos inicialmente.
O pior já ocorreu em outubro,
mas este mês também será de taxa
elevada. A previsão é de 1% e "a
paulada" dos aumentos da gasolina e do gás deverá ser responsável
por 31% dessa taxa, na avaliação
da Fipe. "Esse aumento facilita as
coisas para o próximo governo,
mas estraga o humor das pessoas", diz Heron.
O grande responsável pela aceleração da inflação é o câmbio,
que viveu uma montanha-russa
nos últimos anos, diz o economista. "A partir de agora, no entanto,
a pressão deve diminuir e a volatilidade (tendência de alta e de baixa) da moeda será bem menor."
O câmbio gerou pressão imediata sobre os preços, principalmente sobre as commodities e a
alimentação. Grande parte desse
impacto já foi incorporada nos
aumentos de preços ao consumidor. O óleo de soja, por exemplo,
acumula alta de 45% neste ano.
Parte da alta do dólar ainda não
foi repassada para os preços, o
que deverá ocorrer em 2003 e em
2004. Isso não quer dizer que a inflação continuará subindo no
próximo ano, alerta Heron.
Para 2003, ele diz que o IPC da
Fipe recua para 5%, e o IPCA do
IBGE, para 6%. Já o IGP-M, atualmente com taxa acumulada em 12
meses em 16,34%, deverá ficar
abaixo dos IPCs no próximo ano.
O primeiro semestre do próximo ano será de inflação estabilizada, mas no início do segundo semestre a taxa volta a subir em São
Paulo devido aos reajustes das tarifas públicas. Essas tarifas serão
reajustadas pelo IGP-M, que recebeu forte impacto do câmbio.
Os reajustes das tarifas vão afetar os custos das empresas, que
repassarão essa pressão para os
preços dos produtos. Até 2004, os
consumidores ainda deverão pagar por esses aumentos nos supermercados, prevê Heron.
Apesar da defasagem do câmbio, ele não acredita em inflação
de dois dígitos (mais de 10%) em
2003. "Isso só ocorrerá por obra e
graça do próximo governo, não
pelo câmbio." O economista da
Fipe não acredita, no entanto, que
o próximo governo desenvolverá
uma política econômica frouxa
que permita o retorno de taxas
acentuadas de inflação.
A inflação medida pela Fipe registrou alta generalizada nos preços em outubro. O único setor
que ainda inibe altas maiores da
taxa é o de serviços, devido à queda de renda dos consumidores.
Nos últimos 12 meses, o setor teve
elevação de 2,14%. O destaque de
alta fica para os serviços bancários, que subiram 17,37%.
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