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NEGÓCIO
"Itaú BBA será o maior banco em base de capital do país", diz Roberto Setubal
Itaú leva BBA-Creditanstalt por R$ 3,3 bi e cria holding
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Itaú anunciou ontem a aquisição do banco BBA-Creditanstalt
por R$ 3,3 bilhões e uma reestruturação societária. Será criada
uma holding financeira que controlará o banco Itaú, o braço do
grupo no varejo, e o Itaú BBA, que
passa a ser o maior banco de atacado do país.
Com a operação, o patrimônio
líquido do conglomerado financeiro Itaú, que é hoje de R$ 11,4 bilhões, saltará para R$ 14,8 bilhões.
"Será o maior banco em base de
capital do país", diz Roberto Setubal, presidente do banco Itaú.
Segundo dados do último balanço trimestral do Bradesco, encerrado em 31 de setembro, seu
patrimônio líquido é de R$ 10,5
bilhões. A fusão com o BBA permitirá ao Itaú superar o Bradesco
em patrimônio líquido, mas o
banco da Cidade de Deus (Osasco, São Paulo) continuará sendo o
maior em ativos. Uma vez concluída a fusão, daqui a seis meses,
o Itaú terá R$ 119, 8 bilhões em ativos, enquanto o Bradesco possui
R$ 140,1 bilhão.
Parte em dinheiro
Para costurar o negócio, o Itaú
deverá retirar pouco dinheiro do
caixa. "Apenas um sexto do valor
da transação [cerca de R$ 550 milhões" será pago em dinheiro], explicou Setubal ao anunciar a associação.
O restante será pago da seguinte
forma: metade em ações preferenciais do Itaú resgatáveis em 12
anos, um sexto em ações do banco Itaú do Brasil e do Itaú Grand
Cayman e um sexto de dívida subordinada (emissão de títulos para o BBA).
Fernão Bracher, presidente do
BBA, explicou que o negócio com
o Itaú surgiu devido ao interesse
do sócio minoritário, o banco alemão HVB, de deixar a sociedade.
Há três anos o HVB comprou o
Bancáustria, que detinha cerca de
48% do capital do BBA. "O foco
do HVB é o mercado europeu.
Não tinha interesse na América
Latina", disse Bracher.
Como o banco alemão já possui
laços anteriores com o Itaú, em
que tem uma pequena participação acionária, propôs-lhe a venda
de sua participação no BBA. "Só
aceitaríamos se pudéssemos fazer
um acordo com os controladores", disse Setubal.
Após um ano e meio de negociações, veio a formatação do
acordo: Bracher e Antonio Beltran Martinez, atuais controladores do BBA, terão 50% do capital
votante do Itaú BBA e estarão à
frente da gestão do novo banco de
atacado.
O capital do Itaú BBA será aumentado por um aporte de R$ 1,2
bilhão, 95,75% pelo Itaú e 4,25%
pelos demais acionistas. O Itaú
também deverá transferir para o
novo banco toda a sua área de
corporate (grandes grupos industriais e empresas clientes). Já o
BBA passará para o banco Itaú
sua área de asset management,
que administra R$ 8 bilhões em
recursos de terceiros, seu private
banking, a corretora e a financeira
Fináustria.
A engenharia montada para
viabilizar a transação incluiu a
criação de uma figura jurídica que
não existe no país, a de holding financeira. "Estamos usando carta
patente de um banco para a holding, o que garante a possibilidade de captação financeira", afirma
Setubal.
A holding, porém, terá apenas
papel de controlar as subsidiárias
financeiras -os bancos Itaú e
Itaú BBA-, segundo Setubal.
Com isso, a administração do Itaú
se manterá na Itaú Holding, com
o mesmo conselho de administração e a mesma diretoria.
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