São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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NEGÓCIO

"Itaú BBA será o maior banco em base de capital do país", diz Roberto Setubal

Itaú leva BBA-Creditanstalt por R$ 3,3 bi e cria holding

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Itaú anunciou ontem a aquisição do banco BBA-Creditanstalt por R$ 3,3 bilhões e uma reestruturação societária. Será criada uma holding financeira que controlará o banco Itaú, o braço do grupo no varejo, e o Itaú BBA, que passa a ser o maior banco de atacado do país.
Com a operação, o patrimônio líquido do conglomerado financeiro Itaú, que é hoje de R$ 11,4 bilhões, saltará para R$ 14,8 bilhões. "Será o maior banco em base de capital do país", diz Roberto Setubal, presidente do banco Itaú.
Segundo dados do último balanço trimestral do Bradesco, encerrado em 31 de setembro, seu patrimônio líquido é de R$ 10,5 bilhões. A fusão com o BBA permitirá ao Itaú superar o Bradesco em patrimônio líquido, mas o banco da Cidade de Deus (Osasco, São Paulo) continuará sendo o maior em ativos. Uma vez concluída a fusão, daqui a seis meses, o Itaú terá R$ 119, 8 bilhões em ativos, enquanto o Bradesco possui R$ 140,1 bilhão.

Parte em dinheiro
Para costurar o negócio, o Itaú deverá retirar pouco dinheiro do caixa. "Apenas um sexto do valor da transação [cerca de R$ 550 milhões" será pago em dinheiro], explicou Setubal ao anunciar a associação.
O restante será pago da seguinte forma: metade em ações preferenciais do Itaú resgatáveis em 12 anos, um sexto em ações do banco Itaú do Brasil e do Itaú Grand Cayman e um sexto de dívida subordinada (emissão de títulos para o BBA).
Fernão Bracher, presidente do BBA, explicou que o negócio com o Itaú surgiu devido ao interesse do sócio minoritário, o banco alemão HVB, de deixar a sociedade. Há três anos o HVB comprou o Bancáustria, que detinha cerca de 48% do capital do BBA. "O foco do HVB é o mercado europeu. Não tinha interesse na América Latina", disse Bracher.
Como o banco alemão já possui laços anteriores com o Itaú, em que tem uma pequena participação acionária, propôs-lhe a venda de sua participação no BBA. "Só aceitaríamos se pudéssemos fazer um acordo com os controladores", disse Setubal.
Após um ano e meio de negociações, veio a formatação do acordo: Bracher e Antonio Beltran Martinez, atuais controladores do BBA, terão 50% do capital votante do Itaú BBA e estarão à frente da gestão do novo banco de atacado.
O capital do Itaú BBA será aumentado por um aporte de R$ 1,2 bilhão, 95,75% pelo Itaú e 4,25% pelos demais acionistas. O Itaú também deverá transferir para o novo banco toda a sua área de corporate (grandes grupos industriais e empresas clientes). Já o BBA passará para o banco Itaú sua área de asset management, que administra R$ 8 bilhões em recursos de terceiros, seu private banking, a corretora e a financeira Fináustria.
A engenharia montada para viabilizar a transação incluiu a criação de uma figura jurídica que não existe no país, a de holding financeira. "Estamos usando carta patente de um banco para a holding, o que garante a possibilidade de captação financeira", afirma Setubal.
A holding, porém, terá apenas papel de controlar as subsidiárias financeiras -os bancos Itaú e Itaú BBA-, segundo Setubal. Com isso, a administração do Itaú se manterá na Itaú Holding, com o mesmo conselho de administração e a mesma diretoria.


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