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INVESTIMENTO
Depois de quatro meses, patrimônio de fundos de investimento registra aumento; investidor volta a migrar
Saque volta a superar depósito na poupança
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de quatro meses fugindo
dos fundos de investimento para
a poupança, o mercado já dá sinais de que pretende começar a
fazer o caminho inverso a partir
de agora.
No mês passado, pela primeira
vez desde maio, os saques nas cadernetas superaram os depósitos.
Já o patrimônio dos fundos registrou ligeiro aumento.
Segundo dados do Banco Central, os investidores depositaram
R$ 43,30 bilhões nas cadernetas
entre os dias 1º e 30 do mês passado. Já os saques realizados no
mesmo período somaram R$
43,76 bilhões. Resultado: saída de
R$ 460 milhões. O saldo total das
aplicações, no último dia 30, chegou a R$ 137,39 bilhões.
O dinheiro aplicado nos fundos
de investimento, por sua vez, aumentou em R$ 5,46 bilhões entre
os dias 1º e 28. Esse valor inclui,
além dos depósitos, a rentabilidade acumulada pelos fundos no
período.
No dia 28, o patrimônio total
dessas aplicações (que incluem
fundos DI, cambiais, de renda fixa
e de derivativos) estava em R$
310,71 bilhões.
A fuga dos investidores em direção à poupança começou quando
o Banco Central e a Comissão de
Valores Mobiliários promoveram, em 31 de maio, alterações
nas regras dos fundos de investimento. A nova norma ficou conhecida como "marcação a mercado".
Por essa regra, os fundos passaram a contabilizar seus ativos
-em sua maioria, títulos públicos- pelo seu valor de mercado.
Antes, a contabilidade era feita
pelo valor de aquisição dos papéis, corrigido por uma determinada taxa de juros.
Quando a regra entrou em vigor, percebeu-se que muitos títulos das carteiras dos fundos estavam avaliados a um valor artificialmente alto. Depois de feito o
ajuste, alguns fundos registraram,
em um dia, perdas de até 4% de
seu patrimônio.
Assustados com o prejuízo,
muitos investidores preferiram
sacar seu dinheiro dos fundos e
migraram para aplicações mais
seguras, como a poupança.
Em junho, as cadernetas registraram a maior captação de sua
história: R$ 5,29 bilhões. Entre junho e setembro, os depósitos superaram os saques em R$ 14,32
bilhões.
Os fundos de investimento, ao
contrário, registraram fortes perdas. Segundo dados da Anbid
(Associação Nacional dos Bancos
de Investimento), os saques feitos
neste ano nos fundos DI e de renda fixa chegam a aproximadamente R$ 47 bilhões.
Em agosto, na tentativa de conter a fuga de recursos dos fundos,
o BC e a CVM voltaram atrás e
tornaram mais flexível a regra da
"marcação a mercado". Desde então, os títulos com vencimento
em prazo inferior a um ano não
precisam mais ser contabilizados
pelo seu valor de mercado.
Além disso, o BC passou a fazer
leilões periódicos para recomprar
títulos do governo em circulação
no mercado. O objetivo é incentivar a alta da cotação desses papéis, o que se reverteria em ganhos para os fundos.
Para o governo, a retomada da
confiança dos investidores nos
fundos é importante para ajudar
na rolagem da dívida pública, que
tem atingido níveis recordes nos
últimos meses.
De acordo com o Tesouro Nacional, os títulos da dívida do governo em circulação no país somavam R$ 616,98 bilhões em setembro. Desse total, cerca de um
terço está nas mãos dos fundos.
Por isso, o fortalecimento desse
mercado é importante para facilitar o financiamento do endividamento público.
Para se ter uma idéia das dificuldades enfrentadas pelo governo
na rolagem de sua dívida, basta
ver o aumento de R$ 30 bilhões,
ocorrido nos últimos meses, na
parcela que o BC rola no "overnight". "Overnight" é o nome dado às operações em que o BC vende um determinado volume de títulos com o compromisso de recomprá-los um dia depois.
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