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FINANÇAS
Negócio teve prejuízo de R$ 77 mi no primeiro ano
BB estuda assumir o controle do portal de investimentos Maxblue
LEONARDO SOUZA
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A atual diretoria do Banco do
Brasil estuda assumir o controle
de um projeto deficitário lançado
no ano passado pelo Deutsche
Bank. Batizado de Maxblue Americas, o portal de investimentos
acumulou, em seu primeiro ano
de vida, resultado negativo de R$
77 milhões.
A empresa é destinada a clientes
de alto poder aquisitivo. Começou a funcionar em escala comercial em setembro de 2001. O Banco do Brasil entrou no negócio
dois meses depois. Investiu US$
90 milhões (que equivalem atualmente a cerca de R$ 315 milhões)
para ter 49,9% do capital.
Em troca da capitalização da
empresa, o BB teve o direito de indicar um novo gestor, que levasse
a Maxblue ao caminho do lucro.
O escolhido foi Paulo César Ximenes, ex-presidente do próprio
BB. Assumiu em janeiro deste
ano, mas desligou-se do cargo logo depois, em abril.
"Resolvi não ficar em São Paulo.
Sou do Rio, trabalhei 30 anos em
Brasília e sonhava em voltar para
o Rio", disse à Folha Ximenes,
justificando sua demissão. Sobre
os resultados ruins em seu período e nos meses seguintes, o ex-presidente foi lacônico. "Não tenho acompanhado. Não posso informar", afirmou.
Segundo a Folha apurou, o BB
não esperava alcançar lucro com
o portal ainda neste ano. Mas
também não avaliava que os resultados seriam tão ruins.
A estratégia do banco é assumir
a gestão do negócio para tentar
torná-lo mais rentável ou, no mínimo, menos oneroso. O Deutsche, depois de cortes de gastos no
Brasil, não estaria disposto a entrar com mais capital para alavancar o projeto.
A atual diretoria, presidida por
Eduardo Guimarães, chegou a ser
criticada no mercado financeiro
por investir num projeto de um
banco privado e estrangeiro
quando poderia ter lançado seu
próprio portal de investimentos
para clientes de alta renda.
Como faltam apenas dois meses
para o fim do governo e, portanto,
para que a atual diretoria do BB
deixe seus cargos, o mais provável
é que a decisão de elevar a participação no Maxblue fique para o
governo do PT. Os integrantes do
partido que conhecem a área não
são simpáticos ao investimento.
A atual administração acredita,
no entanto, que não haverá motivos para o próximo governo desistir do negócio. Eles entendem
que não tentar melhorar os resultados é pior que deixar como está.
O molde da operação ainda não
está definido, mas provavelmente
será por troca de ações. O BB não
quer investir mais dinheiro no
portal. Daria ao Deutsche ações
do próprio BB e receberia, em
contrapartida, ações do Maxblue.
O BB assumiria o controle da
operação, mas o Deutsche não
deixaria a sociedade. Ficaria como minoritário. O valor da transação e o percentual que o BB vai
adquirir não estão fechados.
O Maxblue foi criado para atender clientes de alto poder aquisitivo, não só do Brasil mas também
de outros países da América Latina e do mercado hispânico dos
EUA. A sede do Maxblue Americas é em Madri, Espanha.
O BB informou que não iria se
pronunciar porque o projeto
MaxBlue está em fase de implantação e que prefere não antecipar
ações futuras.
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