São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FINANÇAS

Negócio teve prejuízo de R$ 77 mi no primeiro ano

BB estuda assumir o controle do portal de investimentos Maxblue

LEONARDO SOUZA
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A atual diretoria do Banco do Brasil estuda assumir o controle de um projeto deficitário lançado no ano passado pelo Deutsche Bank. Batizado de Maxblue Americas, o portal de investimentos acumulou, em seu primeiro ano de vida, resultado negativo de R$ 77 milhões.
A empresa é destinada a clientes de alto poder aquisitivo. Começou a funcionar em escala comercial em setembro de 2001. O Banco do Brasil entrou no negócio dois meses depois. Investiu US$ 90 milhões (que equivalem atualmente a cerca de R$ 315 milhões) para ter 49,9% do capital.
Em troca da capitalização da empresa, o BB teve o direito de indicar um novo gestor, que levasse a Maxblue ao caminho do lucro. O escolhido foi Paulo César Ximenes, ex-presidente do próprio BB. Assumiu em janeiro deste ano, mas desligou-se do cargo logo depois, em abril.
"Resolvi não ficar em São Paulo. Sou do Rio, trabalhei 30 anos em Brasília e sonhava em voltar para o Rio", disse à Folha Ximenes, justificando sua demissão. Sobre os resultados ruins em seu período e nos meses seguintes, o ex-presidente foi lacônico. "Não tenho acompanhado. Não posso informar", afirmou.
Segundo a Folha apurou, o BB não esperava alcançar lucro com o portal ainda neste ano. Mas também não avaliava que os resultados seriam tão ruins.
A estratégia do banco é assumir a gestão do negócio para tentar torná-lo mais rentável ou, no mínimo, menos oneroso. O Deutsche, depois de cortes de gastos no Brasil, não estaria disposto a entrar com mais capital para alavancar o projeto.
A atual diretoria, presidida por Eduardo Guimarães, chegou a ser criticada no mercado financeiro por investir num projeto de um banco privado e estrangeiro quando poderia ter lançado seu próprio portal de investimentos para clientes de alta renda.
Como faltam apenas dois meses para o fim do governo e, portanto, para que a atual diretoria do BB deixe seus cargos, o mais provável é que a decisão de elevar a participação no Maxblue fique para o governo do PT. Os integrantes do partido que conhecem a área não são simpáticos ao investimento.
A atual administração acredita, no entanto, que não haverá motivos para o próximo governo desistir do negócio. Eles entendem que não tentar melhorar os resultados é pior que deixar como está.
O molde da operação ainda não está definido, mas provavelmente será por troca de ações. O BB não quer investir mais dinheiro no portal. Daria ao Deutsche ações do próprio BB e receberia, em contrapartida, ações do Maxblue.
O BB assumiria o controle da operação, mas o Deutsche não deixaria a sociedade. Ficaria como minoritário. O valor da transação e o percentual que o BB vai adquirir não estão fechados.
O Maxblue foi criado para atender clientes de alto poder aquisitivo, não só do Brasil mas também de outros países da América Latina e do mercado hispânico dos EUA. A sede do Maxblue Americas é em Madri, Espanha.
O BB informou que não iria se pronunciar porque o projeto MaxBlue está em fase de implantação e que prefere não antecipar ações futuras.


Texto Anterior: Investimento: Saque volta a superar depósito na poupança
Próximo Texto: Direção nega problemas na gestão do portal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.