São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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Palocci diz não ver motivos para mais reajuste

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O coordenador da equipe técnica de transição do governo eleito, Antônio Palocci Filho, disse que não deve haver novo reajuste no preço dos combustíveis neste ano. Ontem de manhã, ele conversou com o presidente da Petrobras, Francisco Gros, sobre a situação da empresa.
A Folha apurou que a Petrobras ainda poderia reajustar mais os derivados de petróleo para reduzir a defasagem entre o preço que cobra pela venda de combustíveis na refinaria e os preços do mercado internacional.
De acordo com os cálculos do consultor Adriano Pires, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura) e ex-assessor da ANP (Agência Nacional do Petróleo), haveria espaço para um reajuste de aproximadamente 8% na gasolina e 18% no gás de cozinha.
Na nota oficial na qual anunciou o reajuste de 12,09% para a gasolina, 20,5% para o óleo diesel e 22,8% para o gás de cozinha, a Petrobras informa que o aumento tinha o objetivo apenas de "reduzir" a defasagem.
"Se há uma política de preços vinculada a preços internacionais e se há uma acomodação do câmbio, não há motivo para um novo reajuste", afirmou Palocci. Segundo ele, não houve nenhum motivo especial para escolher a Petrobras como a primeira empresa para colher informações destinadas ao governo de transição.
No caso de um novo reajuste dos combustíveis até dezembro, a decisão caberá à Petrobras ainda sob o comando de Fernando Henrique Cardoso. Esse é um assunto sobre o qual a equipe de transição não tem poder.

Defasagem
Pouco antes do reajuste, cálculos do governo indicavam uma defasagem no preço da gasolina de aproximadamente 25%, no do óleo diesel de cerca de 40% e no do gás de cozinha de até 70%.
A defasagem do preço cobrado pela Petrobras em relação ao do mercado internacional muda diariamente, afetada pelo câmbio e pela cotação do petróleo e de seus derivados no mercado internacional. Quanto mais o real se valorizar em relação ao dólar ou cair o preço do petróleo, menor a defasagem.
O consultor Adriano Pires avalia que não deve haver novo aumento dos derivados até o final do ano, salvo "acidente de percurso", como uma invasão dos Estados Unidos ao Iraque. "O dólar está caindo. Até o final do ano não há espaço político [para novo aumento] e há metas de inflação", diz Pires.

Fiscalização
A ANP (Agência Nacional do Petróleo) está, desde segunda-feira, fiscalizando distribuidoras e revendas de gás de cozinha. O objetivo é apurar se está havendo sonegação do produto. A denúncia era que os comerciantes estivessem esperando a vigência do reajuste para vender os botijões. Se for constatada sonegação, a multa poderá ser de até R$ 1 milhão por empresa.


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