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Palocci diz não ver motivos para mais reajuste
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O coordenador da equipe técnica de transição do governo eleito,
Antônio Palocci Filho, disse que
não deve haver novo reajuste no
preço dos combustíveis neste ano.
Ontem de manhã, ele conversou
com o presidente da Petrobras,
Francisco Gros, sobre a situação
da empresa.
A Folha apurou que a Petrobras
ainda poderia reajustar mais os
derivados de petróleo para reduzir a defasagem entre o preço que
cobra pela venda de combustíveis
na refinaria e os preços do mercado internacional.
De acordo com os cálculos do
consultor Adriano Pires, diretor
do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura) e ex-assessor da
ANP (Agência Nacional do Petróleo), haveria espaço para um reajuste de aproximadamente 8% na
gasolina e 18% no gás de cozinha.
Na nota oficial na qual anunciou o reajuste de 12,09% para a
gasolina, 20,5% para o óleo diesel
e 22,8% para o gás de cozinha, a
Petrobras informa que o aumento
tinha o objetivo apenas de "reduzir" a defasagem.
"Se há uma política de preços
vinculada a preços internacionais
e se há uma acomodação do câmbio, não há motivo para um novo
reajuste", afirmou Palocci. Segundo ele, não houve nenhum motivo especial para escolher a Petrobras como a primeira empresa
para colher informações destinadas ao governo de transição.
No caso de um novo reajuste
dos combustíveis até dezembro, a
decisão caberá à Petrobras ainda
sob o comando de Fernando
Henrique Cardoso. Esse é um assunto sobre o qual a equipe de
transição não tem poder.
Defasagem
Pouco antes do reajuste, cálculos do governo indicavam uma
defasagem no preço da gasolina
de aproximadamente 25%, no do
óleo diesel de cerca de 40% e no
do gás de cozinha de até 70%.
A defasagem do preço cobrado
pela Petrobras em relação ao do
mercado internacional muda diariamente, afetada pelo câmbio e
pela cotação do petróleo e de seus
derivados no mercado internacional. Quanto mais o real se valorizar em relação ao dólar ou cair o
preço do petróleo, menor a defasagem.
O consultor Adriano Pires avalia que não deve haver novo aumento dos derivados até o final
do ano, salvo "acidente de percurso", como uma invasão dos Estados Unidos ao Iraque. "O dólar
está caindo. Até o final do ano não
há espaço político [para novo aumento] e há metas de inflação",
diz Pires.
Fiscalização
A ANP (Agência Nacional do
Petróleo) está, desde segunda-feira, fiscalizando distribuidoras e
revendas de gás de cozinha. O objetivo é apurar se está havendo sonegação do produto. A denúncia
era que os comerciantes estivessem esperando a vigência do reajuste para vender os botijões. Se
for constatada sonegação, a multa
poderá ser de até R$ 1 milhão por
empresa.
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