DO "FINANCIAL TIMES"

O dólar caiu ontem à sua cotação mais baixa de todos os tempos diante do euro, reflexo da reeleição do presidente dos EUA, George W. Bush.
Enquanto o dólar entrava em queda livre, muitos participantes do mercado detectavam um sinal negativo para a moeda norte-americana, e nem mesmo os números vigorosos da economia foram capazes de deter a onda de vendas.
Nem a criação de empregos conseguiu deter a queda livre da moeda norte-americana.
"O mercado realmente não se incomoda com o que esteja acontecendo nos Estados Unidos, em termos domésticos; só se interessa pelo déficit do país em conta corrente", disse Adrian Schmidt, estrategista sênior de câmbio no Royal Bank of Scotland.
Como resultado, o dólar caiu 1%, para US$ 1,2940 diante do euro, "confirmação de que uma nova faixa de flutuação foi atingida", de acordo com Tony Norfield, do ABN Amro.
A queda foi facilitada por um aparente clima de aceitação entre os políticos da zona do euro, com o chanceler [primeiro-ministro] alemão Gerhard Schröder afirmando que os exportadores de seu país seriam capazes de lidar com a força do euro.
A moeda norte-americana caiu 1,6%, para sua cotação mais baixa em 12 anos, diante do dólar canadense, a 1,1981 dólar canadense; recuou 0,9% diante do franco suíço, para 1,1805; e perdeu 0,2% diante do iene, ao cair a 105,58 ienes, sua marca mais baixa em seis meses.
O dólar havia se firmado um pouco na segunda e na terça, mas a notícia de que Bush se reelegeu com a maioria dos votos populares e a ampliação do domínio republicano sobre o Congresso fez o dólar prolongar a queda.

Política fiscal
O dólar caiu 20,8% desde que Bush assumiu a Presidência, à medida que os déficits orçamentário e em conta corrente disparam, as tensões geopolíticas crescentes elevam o ágio por risco dos ativos norte-americanos e os EUA sofrem cada vez mais acusações de manter uma política de enfraquecimento do dólar.
Muitos participantes do mercado acreditam que a tendência se reforçará. "As pessoas estão pensando em mais quatro anos de Bush, com forte apoio popular, e sobre o significado disso para a política fiscal", disse Adam Cole, da RBC Capital Markets.
Os bancos centrais do Oriente estão vendendo dólares como parte de um esforço para reequilibrar suas reservas cambiais antes de liberalizar o câmbio. Os contratos futuros de um ano entre o yuan e o dólar saltaram para sua cotação mais alta em seis meses.


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