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ENERGIA
Agência alega que permitiu aumento indevido baseada em laudos errados fornecidos por empresas; Light quer reajuste maior
Aneel diz que deve multar distribuidoras
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) está notificando
as distribuidoras de energia que
demoraram a entregar laudos sobre a base de remuneração tarifária e, quando entregaram, eles
não estavam de acordo com os
padrões exigidos pela agência.
Essas distribuidoras devem ser
multadas. Também foram descredenciadas empresas especializadas em avaliação de ativos
(bens) que haviam sido contratadas pelas distribuidoras.
Essa avaliação é importante para definir a base de remuneração
dos investimentos da empresa, já
que o ganho obtido pelas distribuidoras de energia se dá por
meio da cobrança de tarifas dos
seus clientes. Por não ter um laudo confiável sobre a base de remuneração da Light (RJ) em 2003,
a Aneel fez uma estimativa com
base em métodos contábeis e reajustou a tarifa da distribuidora em
4,15%.
Depois de receber um laudo
mais confiável da Light, a Aneel
constatou que a base tarifária da
Light era menor do que o estimado e que, por isso, em 2003, a tarifa da distribuidora deveria ter sido reduzida em 3,64% em vez de
aumentada em 4,15%. Com isso, a
distribuidora arrecadou aproximadamente R$ 173 milhões a
mais dos consumidores entre novembro de 2003 e novembro de
2004.
Para compensar isso, a agência
deu um reajuste menor para a
Light neste ano. Em vez de 17,6%
(8,58% para consumidores residenciais e 21,22% para grandes
consumidores), a agência concedeu 13,51% na média (0,6% para
consumidores residenciais e
12,46% para grandes consumidores). O aumento entra em vigor
amanhã.
A agência avalia que não errou
ao fixar uma base de remuneração maior para a Light em 2003.
"Não se trata de um erro. Definitivamente não é um erro. Nós fizemos um trabalho com a melhor
estimativa. Naquela época, era o
número mais correto que nós poderíamos produzir. Não temos
uma bola de cristal, fizemos com
todo zelo e com todo o critério",
disse Romeu Rufino dos Santos,
superintendente de Fiscalização
Financeira da Aneel.
Segundo ele, um erro teria sido
a agência validar uma base de remuneração com base em um laudo que não atendeu às exigências
técnicas. "Nós estamos fazendo
um esforço extraordinário [para
fixar a base definitiva], tem empresas que nós já fixamos prazo,
elas não entregaram [os laudos],
já foram notificadas e muito provavelmente serão multadas por
não terem entregue os laudos a
tempo", disse.
Para o processo de revisão tarifária, as regras do setor obrigavam as distribuidoras a contratarem uma empresa especializada
em avaliação de ativos, independente e credenciada pela Aneel.
"As distribuidora demoraram a
entregar o laudo e às vezes entregaram o laudo errado. Nós já descredenciamos, se não me engano,
duas das avaliadoras, porque a
culpa também é das avaliadoras",
afirmou Rufino.
Contestação
A Light divulgou nota na qual
classificou como "insuficiente" o
reajuste concedido pela agência e
estimou suas perdas em R$ 500
milhões em 2005. A empresa informou que o reajuste de 13,51%
na verdade corresponde a 5%. Segundo a empresa, esse é o aumento que realmente acontecerá na
arrecadação. A Light ainda pode
recorrer do aumento concedido
pela Aneel.
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