São Paulo, sexta-feira, 06 de dezembro de 2002

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FMI vai adotar cautela sobre dados da inflação

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) reconhece que o repique da inflação tem sido um aspecto problemático da economia brasileira. No entanto quer evitar análises precipitadas sobre o assunto porque seus técnicos esperam inflação menor em 2003.
"É verdade que as indicações da inflação têm sido menos positivas", afirmou ontem Thomas Dawson, porta-voz do Fundo. "Mas decidimos adotar uma abordagem mais contextualizada sobre o assunto. Não vamos nos manifestar sobre dados diários ou semanais."
Em novembro, o IPC (Índice de Preços ao Consumidor), apurado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), registrou inflação de 2,65% -a maior taxa desde julho de 1995, quando a inflação chegou a 3,72%.
Dawson disse que a inflação não obscurece a avaliação positiva que o Fundo faz do programa econômico do Brasil, que, segundo ele, continua "nos trilhos".
Segundo o porta-voz, o FMI deverá aprovar o desembolso de uma parcela de US$ 3 bilhões ao Brasil na reunião da diretoria marcada para o próximo dia 19.
Quanto à viagem ao Brasil do diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, que começa hoje, Dawson disse que ela tem como objetivo oferecer apoio ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o porta-voz, Köhler vai usar a viagem para ouvir os planos de Lula, e não para renegociar os termos do programa do FMI com o país. Ele terá encontros hoje, em Brasília, com o presidente FHC, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o coordenador da equipe petista de transição, Antônio Palocci Filho.
Amanhã, terá reunião com Lula em São Paulo, onde também conversará com empresários e banqueiros. O diretor do Fundo pretende dar duas entrevistas coletivas à imprensa: uma em Brasília e outra em São Paulo. Depois, segue para a Colômbia e o Chile.
Essa será a segunda viagem de Köhler à América Latina desde que assumiu o cargo, em maio de 2000, prometendo dar ênfase às necessidades e às peculiaridades dos países emergentes. Nesse período, no entanto, lidou com a deterioração das economias do Brasil, do Uruguai e da Turquia e foi obrigado a testemunhar o colapso da Argentina.
No Brasil, Köhler pretende construir uma relação amistosa com Lula e desenvolver um canal direto de diálogo com o presidente eleito. Além disso, pretende mostrar que seus elogios reiterados à condução econômica de FHC -cujo candidato, José Serra, perdeu as eleições no segundo turno- nunca foram críticas às forças de oposição no Brasil.
Segundo Dawson, Köhler não fará exigências a Lula, mas buscará ouvir novamente do presidente eleito os compromissos com relação ao acordo fechado com a instituição em agosto passado -reavaliar o esforço fiscal a cada três meses para manter o equilíbrio da relação dívida/PIB.


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