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FMI vai adotar cautela sobre dados da inflação
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) reconhece que o repique da inflação tem sido um aspecto problemático da economia
brasileira. No entanto quer evitar
análises precipitadas sobre o assunto porque seus técnicos esperam inflação menor em 2003.
"É verdade que as indicações da
inflação têm sido menos positivas", afirmou ontem Thomas
Dawson, porta-voz do Fundo.
"Mas decidimos adotar uma
abordagem mais contextualizada
sobre o assunto. Não vamos nos
manifestar sobre dados diários ou
semanais."
Em novembro, o IPC (Índice de
Preços ao Consumidor), apurado
pela Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas), registrou
inflação de 2,65% -a maior taxa
desde julho de 1995, quando a inflação chegou a 3,72%.
Dawson disse que a inflação não
obscurece a avaliação positiva que
o Fundo faz do programa econômico do Brasil, que, segundo ele,
continua "nos trilhos".
Segundo o porta-voz, o FMI deverá aprovar o desembolso de
uma parcela de US$ 3 bilhões ao
Brasil na reunião da diretoria
marcada para o próximo dia 19.
Quanto à viagem ao Brasil do
diretor-gerente do FMI, Horst
Köhler, que começa hoje, Dawson
disse que ela tem como objetivo
oferecer apoio ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o porta-voz, Köhler
vai usar a viagem para ouvir os
planos de Lula, e não para renegociar os termos do programa do
FMI com o país. Ele terá encontros hoje, em Brasília, com o presidente FHC, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o coordenador da equipe petista de transição, Antônio Palocci Filho.
Amanhã, terá reunião com Lula
em São Paulo, onde também conversará com empresários e banqueiros. O diretor do Fundo pretende dar duas entrevistas coletivas à imprensa: uma em Brasília e
outra em São Paulo. Depois, segue para a Colômbia e o Chile.
Essa será a segunda viagem de
Köhler à América Latina desde
que assumiu o cargo, em maio de
2000, prometendo dar ênfase às
necessidades e às peculiaridades
dos países emergentes. Nesse período, no entanto, lidou com a deterioração das economias do Brasil, do Uruguai e da Turquia e foi
obrigado a testemunhar o colapso
da Argentina.
No Brasil, Köhler pretende
construir uma relação amistosa
com Lula e desenvolver um canal
direto de diálogo com o presidente eleito. Além disso, pretende
mostrar que seus elogios reiterados à condução econômica de
FHC -cujo candidato, José Serra, perdeu as eleições no segundo
turno- nunca foram críticas às
forças de oposição no Brasil.
Segundo Dawson, Köhler não
fará exigências a Lula, mas buscará ouvir novamente do presidente
eleito os compromissos com relação ao acordo fechado com a instituição em agosto passado -reavaliar o esforço fiscal a cada três
meses para manter o equilíbrio da
relação dívida/PIB.
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