São Paulo, sexta-feira, 06 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRODUÇÃO

Montadoras produziram e venderam menos em novembro; consumidor fugiu após reajustes na tabela e no financiamento

Preço e juros altos freiam venda de carros

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento dos preços e as condições mais difíceis de financiamento, decorrentes da alta dos juros, derrubaram a venda e a produção de veículos em novembro.
Segundo dados divulgados ontem pela Anfavea (associação do setor), as vendas no atacado (indústria-concessionária) caíram 16,8% no mês passado em comparação a outubro. Foram comercializados 124 mil veículos, contra 149 mil em outubro. Se as vendas forem comparadas às de novembro de 2001 (129,8 mil unidades), a queda é de 4,5%.
No varejo (concessionária-consumidor), houve queda de 16,6% nas vendas de outubro para novembro. Sobre novembro de 2001, o tombo foi de 7,5%.
O resultado era esperado pelo setor. Na segunda-feira, a Fenabrave (reúne os distribuidores) divulgou relatório apontando que a queda das vendas em novembro ocorreu principalmente na segunda quinzena. Coincidiu não apenas com o aumento da taxa Selic (de 21% para 22%), mas também com os reajustes dados pelas montadoras. Os veículos ficaram entre 3% e 4% mais caros.

Aço, o "vilão"
O grande "vilão", termo usado por Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea, agora é o aço -antes, o dólar. As montadoras alegam que, entre janeiro e novembro, os preços do produto subiram 40%. A grita é maior porque quase todo o aço utilizado pelo setor é produzido no Brasil.
As siderúrgicas argumentam que o preço do aço é determinado pelo mercado externo.
Junto com outros 11 sindicatos, a Anfavea enviou ao governo um documento em que "alerta" sobre a alta dos preços do material. Conseguiu que o governo paralisasse o monitoramento (controle) das importações. O efeito deve ser nulo, segundo Carvalho. "Não é mais barato importar porque o Imposto de Importação é alto o suficiente para inibir a iniciativa."
O recuo nas vendas se refletiu nos números da produção: foram produzidos 158 mil veículos em novembro, com queda de 7,6% em relação aos 171 mil entregues pelas montadoras em outubro. Comparada com novembro de 2001, no entanto, a produção subiu 15,8%. Ou seja, a despeito de venderem menos no mercado interno, as fábricas não reduziram a produção na mesma proporção.
A resposta são as exportações. As montadoras exportaram em novembro (veículos e máquinas agrícolas) o equivalente a US$ 386 milhões, apenas 0,8% menos do que em outubro -US$ 390 milhões. A expansão sobre novembro de 2001 é considerável: 22,9%.


Texto Anterior: Barril de pólvora: Óleo sobe 2,2% com paralisação na Venezuela
Próximo Texto: Promoções de Natal tentam baixar estoque
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.