São Paulo, sexta-feira, 06 de dezembro de 2002

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Capacidade da indústria bate recorde

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A pesquisa dos indicadores industriais da CNI (Confederação Nacional da Indústria) constatou que em outubro a utilização da capacidade instalada do parque fabril brasileiro alcançou o maior índice desde o início do levantamento, em janeiro de 1992. Alcançou 82,6% -81,8% sem contar os fatores típicos (sazonais) do mês.
Praticamente todas as variáveis dos indicadores da CNI divulgados ontem apresentaram resultados positivos em outubro. As vendas reais cresceram 11,53% em relação ao mesmo mês do ano passado -a maior taxa desde agosto de 2001 (11,63%)- e 7,92% em relação a setembro deste ano. Descontados os ajustes sazonais, as vendas cresceram 3,03% em outubro sobre o mês anterior.
Ainda em relação a setembro, sem efeitos sazonais, o pessoal empregado cresceu 0,29%; as horas trabalhadas na produção, 1,16%; e apenas os salários reais caíram, 0,07%.
No acumulado do ano, até outubro, os resultados ainda são modestos. As vendas cresceram 1,36%; as horas trabalhadas na produção, 1,64%; o pessoal empregado decresceu 0,32%; e os salários reais caíram 0,30%.
O economista Flávio Castelo Branco, coordenador da Unidade de Política Econômica da CNI, disse que o desempenho positivo confirma uma tendência de recuperação da indústria que vem do fim do primeiro semestre, mas avalia que o resultado não tem sustentabilidade, exceto pela fatia que decorre das exportações.
Segundo ele, há fatores temporários influindo nessa recuperação, como a liberação pelo governo de parte da correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) referente às reposições decorrentes de planos econômicos e ao aumento de gastos gerado pelas campanhas eleitorais.
Em relação às vendas, medidas pelo valor, Branco vê um efeito da alta de preços, especialmente dos produtos relacionados com a cadeia exportadora, mesmo que vendidos no mercado interno.
Sobre o aumento do uso da capacidade instalada, ele disse que há um dado negativo implícito, sinal de que o investimento está baixo. Como recebe mais encomendas e não investiu na maior capacidade, a empresa intensifica o uso da instalação existente.

Inflação
Como o emprego segue patinando e a renda em queda, na indústria e no geral, Branco avalia que os números tendem a já não ser tão bons em novembro. Pelas mesmas razões, ele considera improvável que esse surto de crescimento da indústria realimente o surto inflacionário em curso.
Para ele, "a aceleração da inflação vai forçar a redução do crescimento [da produção], por força da limitação de renda. É o que chamamos de freio endógeno".
Por essa análise, Branco considera viável o controle da alta de preços sem um aumento ainda maior da taxa de juros, que seria o "freio exógeno". O governo já aumentou, desde outubro, os juros de 18% para 22% ao ano.


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