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Capacidade da indústria bate recorde
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A pesquisa dos indicadores industriais da CNI (Confederação
Nacional da Indústria) constatou
que em outubro a utilização da
capacidade instalada do parque
fabril brasileiro alcançou o maior
índice desde o início do levantamento, em janeiro de 1992. Alcançou 82,6% -81,8% sem contar os
fatores típicos (sazonais) do mês.
Praticamente todas as variáveis
dos indicadores da CNI divulgados ontem apresentaram resultados positivos em outubro. As vendas reais cresceram 11,53% em relação ao mesmo mês do ano passado -a maior taxa desde agosto
de 2001 (11,63%)- e 7,92% em
relação a setembro deste ano.
Descontados os ajustes sazonais,
as vendas cresceram 3,03% em
outubro sobre o mês anterior.
Ainda em relação a setembro,
sem efeitos sazonais, o pessoal
empregado cresceu 0,29%; as horas trabalhadas na produção,
1,16%; e apenas os salários reais
caíram, 0,07%.
No acumulado do ano, até outubro, os resultados ainda são modestos. As vendas cresceram
1,36%; as horas trabalhadas na
produção, 1,64%; o pessoal empregado decresceu 0,32%; e os salários reais caíram 0,30%.
O economista Flávio Castelo
Branco, coordenador da Unidade
de Política Econômica da CNI,
disse que o desempenho positivo
confirma uma tendência de recuperação da indústria que vem do
fim do primeiro semestre, mas
avalia que o resultado não tem
sustentabilidade, exceto pela fatia
que decorre das exportações.
Segundo ele, há fatores temporários influindo nessa recuperação, como a liberação pelo governo de parte da correção do FGTS
(Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço) referente às reposições
decorrentes de planos econômicos e ao aumento de gastos gerado pelas campanhas eleitorais.
Em relação às vendas, medidas
pelo valor, Branco vê um efeito da
alta de preços, especialmente dos
produtos relacionados com a cadeia exportadora, mesmo que
vendidos no mercado interno.
Sobre o aumento do uso da capacidade instalada, ele disse que
há um dado negativo implícito, sinal de que o investimento está
baixo. Como recebe mais encomendas e não investiu na maior
capacidade, a empresa intensifica
o uso da instalação existente.
Inflação
Como o emprego segue patinando e a renda em queda, na indústria e no geral, Branco avalia
que os números tendem a já não
ser tão bons em novembro. Pelas
mesmas razões, ele considera improvável que esse surto de crescimento da indústria realimente o
surto inflacionário em curso.
Para ele, "a aceleração da inflação vai forçar a redução do crescimento [da produção], por força
da limitação de renda. É o que
chamamos de freio endógeno".
Por essa análise, Branco considera viável o controle da alta de
preços sem um aumento ainda
maior da taxa de juros, que seria o
"freio exógeno". O governo já aumentou, desde outubro, os juros
de 18% para 22% ao ano.
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