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TELECOMUNICAÇÕES
Estudo da consultoria Spectrum defende que operadora passe a atuar só na intermediação de sinais
Concorrência quer esquartejar a Embratel
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Brasil Telecom, Telemar e Telefônica pretendem transformar a
Embratel em uma mera empresa
de intermediação de serviços, repartindo entre si os negócios dessa operadora de ligações residenciais de longa distância e locais, de
grandes clientes e de transmissão
de dados dessa empresa. O que
diminuiria e muito a concorrência. A Folha teve ontem acesso ao
estudo que aquelas operadoras
têm usado para tentar convencer
o futuro governo a autorizar a
venda da Embratel.
O estudo, elaborado pela consultoria inglesa Spectrum, com a
coordenação do economista Roberto Mangabeira Unger, é explícito quanto ao interesse em eliminar a concorrência da Embratel
com outras operadoras. "A venda
[da Embratel] reduziria a concorrência e evitaria uma guerra de
preços", afirma o estudo.
Com o título de "Embratel: um
novo modelo de negócios e um
novo papel central no mercado
brasileiro de telecomunicações",
o trabalho foi encomendado pelo
banco de investimentos Bassini,
Playfair, Wright. Tem sido usado
pela Brasil Telecom no lobby para
conseguir a autorização da venda
da Embratel.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) deve receber o estudo. Segundo um executivo envolvido
no negócio, o objetivo não é convencer o banco a participar da
compra.
O estudo da Spectrum afirma
que a Embratel não conseguirá
sobreviver com seu atual modelo.
Teria de renegociar 75% de sua
dívida de R$ 4,4 bilhões em 2003.
Segundo a consultoria, a concorrência de operadoras locais (como a Brasil Telecom, Telemar e
Telefônica) nas ligações de longa
distância iria reduzir a participação da Embratel nesse segmento
de 80% para 25% em dois anos.
Já a recente entrada da Embratel
no mercado de ligações locais elevaria sua participação de 0% para
8% no mesmo período. Para a
Spectrum, o atual modelo da Embratel resultaria na queda da receita da companhia dos R$ 4,9 bilhões previstos para 2002 para R$
3,1 bilhões em 2004.
Dúvidas do PT
O lobby da Brasil Telecom e das
outras operadoras para que o futuro governo autorize a venda da
Embratel ainda não conquistou a
equipe de transição do PT. Ela
não está convicta de que a Embratel caminha para a falência e irá
solicitar dados da operadora para
a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). O PT quer evitar a concentração de negócios de
telefonia em poucas empresas.
A Embratel tem negado que esteja negociando sua venda com
qualquer operadora. Afirma que
vai muito bem e que seus concorrentes estão preocupados com
sua recente entrada nos negócios
de telefonia local, que já estão funcionando em cidades como Salvador e Recife.
O estudo da Spectrum é a favor
da venda dos negócios de telefonia de longa distância da Embratel, que valeria R$ 2,7 bilhões, e
dos corporativos, que valeriam
R$ 2,2 bilhões. Os dois segmentos
da empresa somariam um total de
R$ 4,9 bilhões.
Já a unidade de negócios de rede
da companhia, como transmissão
de dados pela internet e distribuição de sinais de emissoras de rádio e televisão, é a que valeria menos: R$ 480 milhões. Esta seria
preservada na nova companhia.
A nova Embratel, depois de ter
boa parte de seu patrimônio repartido entre operadoras, se dedicaria a intermediar a transmissão
de dados e seria responsável também por uma integração nacional
dos sinais das TVs por assinatura.
A Spectrum afirma que Embratel
poderia centralizar uma rede única desses canais, devido aos seus
28 mil quilômetros de cabos de fibra óptica e também a sua rede de
transmissão de sinais sem fios.
Para a Spectrum, um novo modelo para a Embratel garantiria a
continuidade da rede de comunicação das Forças Armadas. A empresa passaria também a se dedicar ao desenvolvimento de novas
tecnologias.
Colaborou Elvira Lobato, da Sucursal do Rio
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