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INVESTIGAÇÃO
Cantidiano responde ao acusador pela internet
Presidente da CVM reage a e-mail apócrifo sobre banco Opportunity
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Um e-mail apócrifo, enviado a
membros do governo, parlamentares e jornalistas por um suposto
cliente do banco Opportunity, irritou o presidente da CVM, Luiz
Leonardo Cantidiano, que acabou respondendo ao acusador,
também pela internet.
O e-mail acusava Cantidiano de
não se empenhar na investigação
contra o Opportunity sobre o suposto desvio de recursos de clientes para o exterior e a reaplicação
do dinheiro em privatizações no
Brasil, por fundos de investimentos registrados em Cayman.
A acusação é objeto de uma comissão de inquérito da CVM instaurada em agosto do ano passado. A investigação corre em sigilo
e, segundo a comissão, deve ser
concluída dentro de cerca de 45
dias.
O que chamou a atenção no episódio foi a atitude de Cantidiano
de responder, pela internet, a uma
acusação anônima. O e-mail apócrifo foi disparado na terça-feira,
com cópia para 60 pessoas, entre
elas, o presidente Fernando Henrique Cardoso, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, o
presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e o deputado federal
Antônio Delfim Netto (PPB-SP).
Cantidiano diz que respondeu à
acusação em respeito a alguns dos
destinatários.
O autor do e-mail dizia representar dez ex-investidores do Opportunity Fund em Cayman. O
texto afirmava que eles haviam
feito uma aplicação em reais, no
Brasil, e que o Opportunity teria
sido o responsável pela conversão
do dinheiro em dólar e pela suposta evasão fiscal.
O texto insinuava que Cantidiano estaria beneficiando o Opportunity, por ter sido advogado do
grupo, antes de assumir a presidência da CVM, e ameaçava processá-lo por prevaricação. O e-mail remetia para um outro endereço na internet que contém a lista de supostos investidores brasileiros com dinheiro aplicado em
fundos do Opportunity em Cayman. O ""site" promete divulgar
nova lista por ocasião do Natal.
Cantidiano respondeu, pela internet, que determinou que o e-mail apócrifo fosse juntado aos
autos do inquérito administrativo
e que pediu à comissão para identificar o autor da mensagem e obter dele as supostas provas contra
o Opportunity, que se limitou-se a
dizer que não fala sobre documentos apócrifos e sobre acusações não provadas.
Cantidiano disse à Folha que se
sentiu ofendido pelo e-mail. Afirmou que foi advogado de estatais,
de fundos de pensão, de bancos e
de empresas privadas antes de assumir a presidência da CVM, e
que está no cargo para defender o
mercado, e não antigos clientes.
Cantidiano considera que ele e a
CVM estão sendo usados na disputa judicial entre o ex-sócio do
Opportunity Luiz Roberto Demarco e os acionistas do banco.
Demarco e os irmãos Daniel e Verônica Dantas travam uma guerra
judicial em Cayman.
Cantidiano diz que não interfere nas investigações da comissão
de inquérito e que se ela concluir
pela procedência das acusações, a
instituição será punida.
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