São Paulo, sexta-feira, 06 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE NO AR

Governo dos EUA se nega a dar empréstimo para companhia, que vê suas ações desabarem 68% em um dia

Sem socorro, United ruma para concordata

DA REDAÇÃO

A United Airlines, segunda maior companhia aérea dos EUA e do planeta, dificilmente escapará de uma concordata. As ações do grupo despencaram 68% ontem depois que o governo norte-americano negou socorrê-la financeiramente, dizendo que o plano de restruturação apresentado pela empresa é inviável.
Acumulando prejuízos após prejuízos e perdendo US$ 8 milhões ao dia, a United buscava um empréstimo de US$ 2 bilhões. Mas, para ter acesso aos novos créditos, a empresa teria que ter o governo dos EUA como fiador de 90% do total (US$ 1,8 bilhão).
O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou que "respeita" a decisão do Conselho de Transporte Aéreo de rejeitar o plano de socorro. Para a Casa Branca, o julgamento foi técnico. A Standard & Poor's rebaixou a classificação da United e afirmou que já considera que as dívidas deixarão de ser pagas em dia.
Os negócios com as ações da United chegaram a ser paralisados pela manhã. Os papéis encerraram o dia a US$ 1 e deverão ser retirados da Bolsa de Nova York se caírem abaixo de US$ 1. Há um ano, a ação valia US$ 12.
Um batalhão de consultores, advogados e executivos de bancos estariam mantendo intensas conversas e preparando todos os documentos necessários para o pedido de concordata, que deve ser apresentado neste final de semana. "A decisão do governo, com quase toda a certeza, forçará a United a pedir concordata", disse Philip Baggaley, analista da S&P.
Os funcionários detêm 55% do capital da companhia, como resultado de um plano de 1994 que tinha como objetivo aprimorar as relações de trabalho. Tal estrutura seria um dos pontos fracos da aérea. "Uma concordata parece a melhor saída para a United", disse Susan Donofrio, analista para o setor aéreo do Deutsche Bank. "Pelo menos a empresa terá a oportunidade de se livrar de sua fracassada estrutura acionária, com a maior parte da participação nas mãos dos funcionários."

Pior crise
Desde os ataques de 11 de setembro do ano passado, as aéreas norte-americanas vivem a pior crise de sua história. A United Airlines, a mais castigada entre as grandes, registrou um prejuízo de US$ 2,1 bilhões no ano passado, um recorde absoluto para o setor.
Mas a crise é generalizada. Em agosto passado, a US Airways, então a sexta maior dos EUA, pediu concordata. No último ano, várias empresas regionais quebraram.
A retração econômica global reduziu o número de passageiros, em especial nas lucrativas classes executivas. Além disso, as grandes empresas perdem espaço para as companhias que oferecem tarifas promocionais.

Memória
Dos quatro aviões usados pelos terroristas nos atentados do ano passado, dois eram da United. O primeiro, um Boeing-767, ia de Boston a Los Angeles e se chocou contra a torre sul do World Trade Center, a segunda a ser atingida. O outro, um Boeing-757 que vinha de Newark e tinha São Francisco como destino, caiu na Pensilvânia. Em ambos os casos, todos os ocupantes morreram.
Não é a primeira vez que um atentado terrorista coloca as companhias em situação difícil. Em 1988, um Jumbo da Pan Am explodiu em Lockerbie, na Escócia, matando 270 pessoas. Terroristas líbios foram apontados como culpados. Em 1991, a companhia aérea foi à falência.


Com agências internacionais


Texto Anterior: O vaivém das commodities
Próximo Texto: Varig renegocia parte da dívida com a Infraero
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.