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CRISE NO AR
Governo dos EUA se nega a dar empréstimo para companhia, que vê suas ações desabarem 68% em um dia
Sem socorro, United ruma para concordata
DA REDAÇÃO
A United Airlines, segunda
maior companhia aérea dos EUA
e do planeta, dificilmente escapará de uma concordata. As ações
do grupo despencaram 68% ontem depois que o governo norte-americano negou socorrê-la financeiramente, dizendo que o
plano de restruturação apresentado pela empresa é inviável.
Acumulando prejuízos após
prejuízos e perdendo US$ 8 milhões ao dia, a United buscava um
empréstimo de US$ 2 bilhões.
Mas, para ter acesso aos novos
créditos, a empresa teria que ter o
governo dos EUA como fiador de
90% do total (US$ 1,8 bilhão).
O presidente dos EUA, George
W. Bush, afirmou que "respeita" a
decisão do Conselho de Transporte Aéreo de rejeitar o plano de
socorro. Para a Casa Branca, o julgamento foi técnico. A Standard
& Poor's rebaixou a classificação
da United e afirmou que já considera que as dívidas deixarão de
ser pagas em dia.
Os negócios com as ações da
United chegaram a ser paralisados pela manhã. Os papéis encerraram o dia a US$ 1 e deverão ser retirados da Bolsa de Nova York
se caírem abaixo de US$ 1. Há um
ano, a ação valia US$ 12.
Um batalhão de consultores,
advogados e executivos de bancos
estariam mantendo intensas conversas e preparando todos os documentos necessários para o pedido de concordata, que deve ser
apresentado neste final de semana. "A decisão do governo, com
quase toda a certeza, forçará a
United a pedir concordata", disse
Philip Baggaley, analista da S&P.
Os funcionários detêm 55% do
capital da companhia, como resultado de um plano de 1994 que
tinha como objetivo aprimorar as
relações de trabalho. Tal estrutura
seria um dos pontos fracos da aérea. "Uma concordata parece a
melhor saída para a United", disse
Susan Donofrio, analista para o
setor aéreo do Deutsche Bank.
"Pelo menos a empresa terá a
oportunidade de se livrar de sua
fracassada estrutura acionária,
com a maior parte da participação nas mãos dos funcionários."
Pior crise
Desde os ataques de 11 de setembro do ano passado, as aéreas
norte-americanas vivem a pior
crise de sua história. A United
Airlines, a mais castigada entre as
grandes, registrou um prejuízo de
US$ 2,1 bilhões no ano passado,
um recorde absoluto para o setor.
Mas a crise é generalizada. Em
agosto passado, a US Airways, então a sexta maior dos EUA, pediu
concordata. No último ano, várias
empresas regionais quebraram.
A retração econômica global reduziu o número de passageiros,
em especial nas lucrativas classes
executivas. Além disso, as grandes empresas perdem espaço para
as companhias que oferecem tarifas promocionais.
Memória
Dos quatro aviões usados pelos
terroristas nos atentados do ano
passado, dois eram da United. O
primeiro, um Boeing-767, ia de
Boston a Los Angeles e se chocou
contra a torre sul do World Trade
Center, a segunda a ser atingida.
O outro, um Boeing-757 que vinha de Newark e tinha São Francisco como destino, caiu na Pensilvânia. Em ambos os casos, todos os ocupantes morreram.
Não é a primeira vez que um
atentado terrorista coloca as companhias em situação difícil. Em
1988, um Jumbo da Pan Am explodiu em Lockerbie, na Escócia,
matando 270 pessoas. Terroristas
líbios foram apontados como culpados. Em 1991, a companhia aérea foi à falência.
Com agências internacionais
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