São Paulo, sexta-feira, 06 de dezembro de 2002

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Varig renegocia parte da dívida com a Infraero

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Varig informou ontem que conseguiu renegociar parte de sua dívida com a Infraero. Pelo acordo, a companhia reestruturou R$ 161 milhões em débitos com a estatal que administra os aeroportos.
De acordo com a Varig, a maior parte dessa dívida foi garantida por meio de debêntures (títulos da empresa com remuneração fixa) conversíveis em ações. O valor assegurado pelos papéis é de R$ 125 milhões, segundo a empresa. A Infraero até as 19h30 não confirmava a informação.
O restante da dívida será quitada em parcelas diárias de R$ 500 mil a serem pagas pela Varig a partir do dia 9 deste mês. Hoje, a empresa paga à Infraero R$ 1,5 milhões -parte referente a serviços prestados e parte a pagamentos em atraso.
Essa é a primeira renegociação que a nova diretoria da Varig conseguiu fazer com um grande credor desde que naufragou o entendimento que havia sido firmado pela antiga direção da empresa.

Salários
A Varig anunciou também que terá de parcelar parte dos salários dos funcionários como mais uma medida para tentar melhorar o fluxo de caixa da companhia.
Os funcionários mais afetados pela decisão são os que ganham mais. Quem recebe de R$ 1.200 a R$ 2.000 só terá direito a 85% do salário, que será pago no dia 9 deste mês. Os empregados que têm vencimentos inferiores a R$ 1.200 receberão integralmente.
Segundo a empresa, a medida foi adotada para casar as datas dos recebimentos -vindos da venda de passagens- com os pagamentos dos funcionários. A companhia informa, porém, que ainda não foi estabelecida uma data para que o restante dos salários seja pago.
Os que estão na faixa de R$ 2.000 a R$ 5.000 só serão remunerados com 74% do salário. Quem ganha acima de R$ 5.000 terá direito a receber apenas 68% de seus vencimentos.
Ao tomar essa decisão, a Varig tenta preservar seu fluxo de caixa e evitar a falta de dinheiro para seus compromissos mais urgentes com credores, como o pagamento do combustível e das tarifas dos aeroportos.
Segundo a Apvar (Associação dos Pilotos da Varig), os pilotos serão os funcionários mais afetados, pois ganham mais. Apesar disso, o diretor da associação Paulo Calazanz disse que "era uma medida inevitável e que tinha de ser tomada neste momento" devido à crise que a empresa atravessa.

Participação de mercado
Mesmo enfrentando a pior crise financeira de sua história, a Varig conseguiu manter em novembro sua participação de mercado.
A companhia (com as coligadas Nordeste e Rio Sul) abocanhou 40,34% dos passageiros transportados, de acordo com o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas). É praticamente a mesma marca registrada em novembro de 2001 (40,28%).


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