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NO AR
Executivo não descarta reverter a decisão de se associar com a TAM e afirma que participação do banco estatal é "indispensável"
Não há fusão sem ajuda do BNDES, diz Varig
DA SUCURSAL DO RIO
O vice-presidente-executivo da
Varig, Luiz Martins, disse ontem
que o contrato de fusão com a
TAM era uma "fotografia que se
modificou", pois não mais reflete
a situação da Varig neste momento, que está melhor do que na época do contrato.
De acordo com Martins, a fusão
está nas mãos do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), que tem todas as informações necessárias
para aprovar o financiamento que
possibilitaria o negócio.
Para ele, a participação do
BNDES "é indispensável" na reestruturação do setor aéreo. Isso
porque não existem no país instituições com interesse em investir
no ramo, que tem retornos pequenos e no longo prazo, disse.
"Não há solução sem um investidor do porte do BNDES", afirmou. Questionado se rebolaria
para obter crédito do banco, Martins disse: "Estamos abrindo aqui
um curso de dança do ventre. Estou relutante para me matricular,
mas, se for preciso, me matriculo
imediatamente".
A afirmação é uma referência às
declarações do presidente do
BNDES, Carlos Lessa, que disse
anteontem que a Embraer "terá
de rebolar" para acessar um empréstimo para a venda de aviões.
A associação com a TAM, diz
Martins, não é a única saída para
resolver os problemas da companhia. Existem outras opções, segundo ele, como "um vôo solo"
da Varig -sem ajuda do governo- ou um financiamento em
separado para cada uma das empresas.
O executivo, o principal negociador da fusão, criticou os órgãos
de defesa da concorrência por terem se manifestado contra o acordo de compartilhamento de vôos
firmado com a TAM.
Segundo ele, o compartilhamento foi uma maneira de as
duas empresas resolverem, sozinhas, um problema que deveria
ser do governo: reduzir a concorrência predatória ocasionada pela
superoferta.
Para a Seae (Secretaria de
Acompanhamento Econômico) e
a SDE (Secretaria de Defesa Econômica), o compartilhamento só
tinha lógica por causa da fusão. Se
ela não sair do papel, deverá ser
revisto. O acordo, segundo os órgãos de defesa, não trouxe benefícios aos passageiros.
Na visão de Martins, o compartilhamento não foi o principal responsável pela melhora dos resultados da Varig. "Ajudou, mas não
foi o item mais importante. O
mais importante foi a redução de
custos."
Há duas semanas, a Varig divulgou seu balanço do terceiro trimestre. O prejuízo foi menor
-de R$ 242,912 milhões de janeiro a setembro de 2003, ante R$
1,011 bilhão nos mesmos meses de
2002- e a empresa teve o primeiro lucro operacional desde 1999.
Descontados impostos, despesas financeiras e variações cambiais, a companhia teve lucro de
R$ 137 milhões no terceiro trimestre deste ano.
(PEDRO SOARES)
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