São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Mercado interno turbina a indústria

Produção industrial cresce 2,8% em outubro em relação a setembro e 10% na comparação com outubro do ano passado

IBGE aponta recordes em vários setores da indústria, e investimento em máquinas deve elevar a capacidade instalada

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Impulsionada pelo aquecimento do mercado interno e pelas encomendas de final de ano, a produção da indústria cresceu 2,8% de setembro para outubro na comparação livre de influências sazonais. Foi a maior taxa desde setembro de 2003 (4,6%), segundo o IBGE.
Em relação a outubro de 2006, a expansão do setor industrial ficou em 10,3%. Foi o décimo sexto mês consecutivo de crescimento nessa base de comparação e a mais alta taxa desde agosto de 2004 (13,3%). No ano, até outubro, a produção subiu 5,9%.
Por trás do bom desempenho da indústria, está o aquecimento do mercado interno de consumo, favorecido por juros menores e altas do crédito, do emprego e da renda. Tudo isso se traduz numa expectativa positiva de empresários e consumidores, que passam a investir e comprar mais, avalia o IBGE.
"Os resultados são bastante significativos. Muitos setores bateram recordes de patamar de produção. E o principal motor da indústria foi o dinamismo do mercado interno", disse Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE.
A produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) teve alta de 1,8% ante setembro e de 26,8% ante outubro de 2006. A de bens duráveis (carros e eletrodomésticos) subiu 1,4% e 18,2%, respectivamente.
O maior destaque ficou com a indústria de veículos automotores -alta de 7% ante setembro. Também tiveram altas vigorosas os ramos de papel e celulose (8,8%), produtos químicos (4,8%), equipamentos de informática (16,4%) e material elétrico (5,9%).
O mês de outubro teve mais dias úteis do que de costume. O fato vitaminou um pouco a produção do setor (que havia recuado 0,6% em setembro), embora não tenha sido o fator mais importante, diz o IBGE.
"O efeito calendário teve influência, mas existem outros fatores para além disso que explicam o forte crescimento da indústria", disse Sales.
Para Marcela Prada, economista da Tendências Consultoria, o principal destaque da pesquisa foi a expansão vigorosa da produção de bens de capital, o que sinaliza o crescimento do investimento. "Isso mostra o incremento da capacidade produtiva e afasta o risco de, no futuro, gerar inflação por conta da demanda aquecida."
O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) faz a mesma análise: "O crescimento maior em bens de capital resolve dinamicamente um problema, o do estreitamento das margens de capacidade não utilizada da indústria, evitando pressões inflacionárias."
Para o Iedi, "os resultados de outubro para a indústria foram excepcionalmente bons", mesmo considerando o recuo de setembro. "Houve uma notória aceleração da produção da indústria em outubro", avalia.
Segundo Prada, os dados de outubro revelam ainda que a queda de setembro "foi um ponto fora da curva", e não o começo de uma inversão.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem esperar que a produção industrial cresça 6% neste ano. Mantega rechaçou as críticas de que o crescimento da produção, aliado ao elevado nível de uso da capacidade instalada da indústria, possam trazer inflação.
"Temos que perder essa mania de achar que o crescimento maior resulta em inflação maior. Os preços industriais têm crescido em média 3%, bem abaixo da meta de inflação [4,5%]", disse o ministro da Fazenda.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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