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Mercado interno turbina a indústria
Produção industrial cresce 2,8% em outubro em relação a setembro e 10% na comparação com outubro do ano passado
IBGE aponta recordes em vários setores da indústria, e investimento em máquinas deve elevar a capacidade instalada
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Impulsionada pelo aquecimento do mercado interno e
pelas encomendas de final de
ano, a produção da indústria
cresceu 2,8% de setembro para
outubro na comparação livre
de influências sazonais. Foi a
maior taxa desde setembro de
2003 (4,6%), segundo o IBGE.
Em relação a outubro de
2006, a expansão do setor industrial ficou em 10,3%. Foi o
décimo sexto mês consecutivo
de crescimento nessa base de
comparação e a mais alta taxa
desde agosto de 2004 (13,3%).
No ano, até outubro, a produção subiu 5,9%.
Por trás do bom desempenho
da indústria, está o aquecimento do mercado interno de consumo, favorecido por juros menores e altas do crédito, do emprego e da renda. Tudo isso se
traduz numa expectativa positiva de empresários e consumidores, que passam a investir e
comprar mais, avalia o IBGE.
"Os resultados são bastante
significativos. Muitos setores
bateram recordes de patamar
de produção. E o principal motor da indústria foi o dinamismo do mercado interno", disse
Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE.
A produção de bens de capital (máquinas e equipamentos)
teve alta de 1,8% ante setembro
e de 26,8% ante outubro de
2006. A de bens duráveis (carros e eletrodomésticos) subiu
1,4% e 18,2%, respectivamente.
O maior destaque ficou com a
indústria de veículos automotores -alta de 7% ante setembro. Também tiveram altas vigorosas os ramos de papel e celulose (8,8%), produtos químicos (4,8%), equipamentos de
informática (16,4%) e material
elétrico (5,9%).
O mês de outubro teve mais
dias úteis do que de costume. O
fato vitaminou um pouco a produção do setor (que havia recuado 0,6% em setembro), embora não tenha sido o fator
mais importante, diz o IBGE.
"O efeito calendário teve influência, mas existem outros
fatores para além disso que explicam o forte crescimento da
indústria", disse Sales.
Para Marcela Prada, economista da Tendências Consultoria, o principal destaque da pesquisa foi a expansão vigorosa da
produção de bens de capital, o
que sinaliza o crescimento do
investimento. "Isso mostra o
incremento da capacidade produtiva e afasta o risco de, no futuro, gerar inflação por conta
da demanda aquecida."
O Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial) faz a mesma análise:
"O crescimento maior em bens
de capital resolve dinamicamente um problema, o do estreitamento das margens de capacidade não utilizada da indústria, evitando pressões inflacionárias."
Para o Iedi, "os resultados de
outubro para a indústria foram
excepcionalmente bons", mesmo considerando o recuo de setembro. "Houve uma notória
aceleração da produção da indústria em outubro", avalia.
Segundo Prada, os dados de
outubro revelam ainda que a
queda de setembro "foi um
ponto fora da curva", e não o
começo de uma inversão.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem esperar que a produção industrial
cresça 6% neste ano. Mantega
rechaçou as críticas de que o
crescimento da produção, aliado ao elevado nível de uso da
capacidade instalada da indústria, possam trazer inflação.
"Temos que perder essa mania de achar que o crescimento
maior resulta em inflação
maior. Os preços industriais
têm crescido em média 3%,
bem abaixo da meta de inflação
[4,5%]", disse o ministro da Fazenda.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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