São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Vendas de álcool no país batem recorde neste ano

Comercialização do combustível aumentou 86,6% em relação ao ano passado

Vendas de óleo diesel e de GNV (gás para veículos) também cresceram, e consumo de gasolina deve se estabilizar até 2010

RAQUEL ABRANTES
DA SUCURSAL DO RIO

O álcool combustível registrou recorde de vendas neste ano: 5,291 bilhões de litros -aumento de 86,6% em relação a 2006. De todo o álcool consumido no país, 60% são comprados nos postos do Estado de São Paulo.
As associadas ao Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes) venderam 72 bilhões de litros de combustíveis neste ano, 10% mais do que em 2006. Essas empresas representam 75% do mercado brasileiro, que pode ter crescido 5%, segundo o vice-presidente executivo da entidade, Alisio Vaz.
"Até 2010, imaginamos que ocorra a estabilização do consumo de gasolina. A partir daí, poderá haver queda. O álcool está cada vez mais competitivo e, até o início do ano, 30% dos donos de carro flex nunca tinham usado o combustível, o que deve ter mudado com o combate à adulteração", disse o executivo do Sindicom, entidade que reúne 19 mil postos com as bandeiras das empresas e 2.300 lojas de conveniência.
Vaz acredita no potencial crescente do consumo de álcool em 2008, já que 85% dos veículos vendidos atualmente são "flex-fuel" (bicombustíveis). A entidade avalia que o mercado efetivo de álcool tenha crescido 28% em 2007.
O crescimento da venda de óleo diesel também foi significativo, de 7,4% neste ano, acompanhando a recuperação da agricultura. Em 1º de janeiro, quando todo o diesel do Brasil deverá ter 2% de biodiesel, serão produzidos 840 milhões de litros deste último.
A distribuição de gasolina subiu 3,7%, para 18,98 milhões de litros. Apesar dos problemas recentes no fornecimento de gás natural, a venda de GNV (gás natural veicular) registra alta de 12,5% em 2007, para 1,33 bilhão de metros cúbicos.
"A partir de agora, o consumo de GNV deve ficar estagnado, mas não deve cair", diz Vaz.
Para 2008, a expectativa do Sindicom é que a intensidade do crescimento geral de vendas do mercado seja menor e fique um pouco acima do incremento da economia, em torno dos 5%, influenciado também pelo aumento da renda média.

Controle de qualidade
Um dos grandes avanços com relação ao controle de qualidade dos combustíveis foi o aprimoramento na regulamentação. A resolução nº 7/2007 da ANP (Agência Nacional do Petróleo) proibiu que as distribuidoras vendessem combustíveis a postos de outras bandeiras e limitou a venda entre distribuidoras a 5% do total comercializado.
"Desde 2000, o posto que ostenta uma marca já não pode comprar combustível de outra distribuidora. Mas, quando a ANP flagrava a situação, a distribuidora não era punida. Agora, houve uma moralização do mercado. A venda entre distribuidoras também permitia repassar a responsabilidade sobre o ICMS", explicou Vaz.
Com ações de repressão a irregularidades em São Paulo desde abril, as margens das distribuidoras com a venda de álcool hidratado deixaram de ser negativas em maio e voltaram a gerar ganhos até novembro, quando o preço do produto subiu. "Temos certeza de que ainda há álcool sonegado em SP, mas muito menos do que em 2006", observa Vaz.
Entre as propostas do Sindicom para 2008 estão a concentração da tributação do álcool no produtor, como já ocorre com a gasolina e o diesel, e da arrecadação no agente que dispõe de ativos para garantir o recolhimento. Em um primeiro momento, do PIS/Cofins.
O Sindicom também sugere a uniformização das alíquotas do ICMS, já que as diferenças entre os Estados facilitam a sonegação, e a criação, pela ANP, de um novo agente comercializador do álcool na BM&F, para transformar o combustível em commodity.
"Já existe uma proposta de adequação da negociação internacional do álcool, que deve ser aprovada até o final deste ano para ser implementada em 2008", informou Vaz.


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