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Varejo vê pouca vantagem em linha de R$ 1 bi para TV digital
Taxas de juros são consideradas elevadas, e lojas já oferecem condições iguais ou melhores do que a imposta pelo BNDES para conceder empréstimo
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
A linha de financiamento de
R$ 1 bilhão do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) para os varejistas que vendem conversores para a TV digital corre o risco de ter poucas redes interessadas. O motivo é que as taxas
de juros oferecidas para as empresas captarem os recursos
são as mesmas do programa
Computador para Todos, criada no início de 2006, quando a
Selic era 17,25% ao ano.
Agora, com a taxa em 11,25%,
as condições não são mais tão
atraentes. Além disso, o prazo
de financiamento, que era de
30 meses na linha para os PCs,
agora é de até 24 meses.
Frederico Trajano, diretor de
marketing e vendas do Magazine Luiza, terceira maior rede
varejista de eletros e móveis do
país, avalia que, se o BNDES
"não reduzir a taxa de juros, [a
linha] não vai ter uma representatividade tão grande".
Ele lembra ainda que a produção de conversores não tem
isenção fiscal, o que ajudou a
diminuir o preço dos computadores populares. Nesta semana, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, ratificou a intenção do governo de replicar
para o conversor os incentivos,
mas nada saiu do papel ainda.
Outros grandes varejistas
preferiram não opinar sobre a
linha do BNDES, mas, em algumas redes, as condições oferecidas ao consumidor já são
iguais ou até melhores do que a
imposta pelo banco estatal para
conceder o empréstimo.
Para pagar TJLP (taxa de juros de longo prazo, atualmente
em 6,25% ao ano) mais 1% ao
ano de remuneração básica do
BNDES, o varejista deve se
comprometer a cobrar até 2%
ao mês do cliente que comprar
o conversor para TV digital.
No Extra, que faz parte do
Grupo Pão de Açúcar, o consumidor já consegue comprar no
cartão de marca própria da empresa em 24 vezes com juros de
1,99% ao mês. No Wal-Mart, o
prazo é um pouco menor (18
meses), sem entrada, mas os juros são de 1,47% ao mês com o
cartão Hipercard.
O consultor especializado em
varejo Eugênio Foganholo, da
Mixxer, argumenta que haverá
pouco interesse dos lojistas, já
que as condições de crédito da
linha de financiamento são piores e a procura pelos conversores ainda é restrita. "Tudo começa pela demanda do consumidor." Para ele, "a TV digital
foi muito mal lançada como
produto" e muitos consumidores ainda confundem a novidade tecnológica com as disponíveis nas televisões de plasma e
LCD de alta definição há anos
no mercado.
Até o final de 2008, um estudo prevê que serão vendidos 3
milhões de conversores ou TVs
com o aparelho já integrado.
"Anualmente são vendidos no
Brasil 12,5 milhões de TVs. Estamos falando em cerca de 10%
disso", comentou Paulo Cury,
da Condere, consultoria responsável pela projeção.
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