São Paulo, quinta, 7 de janeiro de 1999

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'EXUBERÂNCIA IRRACIONAL'
Dow Jones ultrapassa 9.400 pontos; Clinton diz que superávit fiscal será de ao menos US$ 76 bi
Bolsa de NY bate novo recorde histórico

das agências internacionais

A Bolsa de Nova York teve ontem forte alta de 2,51%, impulsionada pelos ganhos das ações de alta tecnologia. O índice Dow Jones, que reúne as ações mais negociadas, superou pela primeira vez os 9.400 pontos, chegando a 9.544 ao final do pregão.
O recorde anterior, de 9.380 pontos, havia sido registrado em 23 de novembro de 98. A alta de ontem foi influenciada por rumores de fusões e aquisições em setores como automobilismo e telecomunicações em âmbito mundial.
A abertura em alta de Wall Street repercutiu nos mercados europeus, que mais uma vez fecharam majoritariamente com ganhos no terceiro dia de operações com o euro, a moeda única.
O desempenho da Bolsa de Nova York na véspera também influenciou os resultados nos mercados asiáticos, que chegaram a registrar altas de mais de 6%.
Analistas afirmaram que os resultados do quarto trimestre do ano passado, que devem ser anunciados nas próximas semanas pelas companhias norte-americanas, certamente não serão bons.
"Mas 1998 acabou, e os investidores não ficarão mais surpresos", avaliou Hugh Johnson, chefe de investimentos da First Albany. Johnson disse que os empresários norte-americanos têm em vista agora os resultados do terceiro e do quarto trimestres deste ano.
A alta em Wall Street coincidiu com o anúncio do presidente dos EUA, Bill Clinton, de que o orçamento fiscal de 1999 será muito superior ao esperado e chegará a pelo menos US$ 76 bilhões, o maior da história. A estimativa inicial era de um superávit de US$ 53 bilhões no ano fiscal iniciado em outubro.
Em 98, o superávit chegou a US$ 70 bilhões e havia sido o primeiro em três décadas. "A era dos grandes déficits acabou", disse Clinton.

Nova crise
Em meio à euforia da forte alta em Wall Street, alguns analistas alertavam ontem para o risco de uma correção da Bolsa, que estaria excessivamente valorizada.
Alan Greenspan, o presidente do Fed, já avisa há cerca de dois anos sobre o perigo da explosão da bolha financeira em Wall Street e, por isso, cunhou a expressão "exuberância irracional".
Barton Biggs, estrategista-chefe do Morgan Stanley Dean Witter, disse ontem que há o perigo de uma nova queda nos mercados financeiros este ano.
"Estou certo de que, em algum momento em 1999, nós teremos outra importante queda", afirmou Biggs. Pelos cálculos de Biggs, o recuo pode chegar a até 30%.
Biggs cita a inabilidade do Japão para recuperar sua economia como um dos fatores que podem levar a uma nova crise nos mercados. A recessão no Brasil e as dificuldades de países produtores de petróleo, como México e Venezuela, também podem influenciar no desempenho da economia dos EUA, disse o estrategista.
"Eu acredito que a América Latina se torna um problema significativo para os EUA por causa da quantidade de negócios que temos com México e com o Brasil."



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