São Paulo, quinta, 7 de janeiro de 1999

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EMPREGO
Demissão de 2.800 é mantida
Ford fica mais um dia paralisada

Evelson de Freitas/Folha Imagem
Trabalhadores da Ford junto à linha de montagem parada ontem na fábrica de São bernardo do Campo (SP)


MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

O impasse entre a Ford e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre a situação dos 2.800 demitidos da empresa levou a montadora a perder mais um dia de produção -o segundo desde o início dos protestos.
Ontem pela manhã, os demitidos ocuparam novamente a fábrica da montadora em São Bernardo, após uma rápida assembléia no pátio da unidade.
Como a empresa não ativou a linhas de produção, os metalúrgicos permaneceram parados o dia todo, aguardando o resultado da reunião entre o sindicato e a direção da montadora, durante a tarde.
O único resultado concreto do encontro, entretanto, foi a confirmação pela empresa da intenção de discutir o aumento dos benefícios aos demitidos (fixados em dois salários e meio) e rever demissões de empregados com estabilidade por doença profissional ou aposentadoria (são cerca de 300).
O diretor de recursos humanos da Ford, Carlos Augusto Marino, reafirmou a intenção da empresa de não readmitir os 2.800 metalúrgicos dispensados.
"Estamos na estaca zero", disse o presidente do sindicato, Luiz Marinho, ao sair da reunião.
O sindicalista afirmou que os 2.800 demitidos vão manter a estratégia de entrar na fábrica e ficar à disposição da Ford para operar as máquinas.
"Estamos com paciência e podemos manter a estratégia por dois ou três meses", acrescentou.
Apesar da declaração, Marinho não descartou a possibilidade de um novo tipo de manifestação hoje pela manhã, quando as lideranças sindicais comunicam aos demitidos o resultado da negociação de ontem com a montadora.
Sindicalistas falavam ontem na possibilidade de sair em passeata ou levar a família dos demitidos para a fábrica de São Bernardo.
A Ford também reafirmou na reunião de ontem que vai continuar permitindo a entrada dos demitidos na unidade de São Bernardo, mesmo sabendo que a produção será interrompida enquanto durar essa forma de protesto.
No entanto, a montadora ainda está avaliando se vai descontar dos salários o dia perdido.
Segundo o diretor de recursos humanos da montadora, a fábrica de São Bernardo não pode ficar sem produzir por mais tempo.
"A Ford sempre negociou com o sindicato e não pensamos em deixar o ABC paulista, mas chegou a nossa vez de demitir", declarou.
Para o presidente do sindicato dos metalúrgicos do ABC, a fábrica pode continuar produzindo com os demitidos, que continuarão ocupando a fábrica pacificamente.
Em Taubaté, a reunião ocorrida ontem entre a Ford e o sindicato dos metalúrgicos para discutir a situação de 500 empregados da fábrica (quase metade do efetivo) não obteve resultados.
A montadora quer suspender temporariamente o contrato de trabalho desses 500 empregados. O sindicato não aceita.



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