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Economia só vai reagir ao corte de
juro no 2º semestre, afirma Lisboa
ANA PAULA GRABOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Somente no segundo semestre
de 2004 a atividade econômica do
país vai reagir ao corte de juros
implementado de junho a dezembro do ano passado pelo Banco
Central, segundo o secretário de
política econômica do Ministério
da Fazenda, Marcos Lisboa. Ou
seja, a expansão mais forte só
ocorrerá a partir de julho.
"Vamos sentir os efeitos da política monetária adotada pelo Banco Central no segundo semestre.
Tem essa defasagem de seis meses. Temos aí vários meses em que
as quedas das taxas de juros observadas no ano passado vão se
traduzir em impactos sobre a atividade econômica. É um quadro
bastante otimista para 2004, com
uma retomada da atividade econômica e do investimento", disse.
Ao comentar a produção industrial de dezembro (que registrou
queda de 1% em relação a novembro), o secretário de política econômica disse que os números,
ainda que demonstrem uma fraca
expansão, traduzem o processo
de crescimento sustentado da
economia. Lisboa disse preferir o
indicador de média móvel trimestral, que continua a mostrar expansão do setor, porque retira as
sazonalidades (movimentos típicos de cada período).
"Houve uma inflação muito elevada entre o fim de 2002 e o início
de 2003, e isso deprimiu muito a
renda. A retomada está muito vigorosa nos setores onde a taxa de
juros conta muito, como em bens
duráveis e de capital. Nos demais,
o processo vai acontecer. Porque
o emprego começou a se recuperar há apenas dois meses, então é
um processo natural", disse, referindo-se ao setor industrial.
Segundo Lisboa, os indicadores
mostram que a recuperação está
acontecendo de forma sólida.
Já o economista Paulo Leme, da
Goldman Sachs, disse que a projeção de 3,5% de crescimento para
o Brasil é pequena diante das expectativas para outros países
emergentes, como a China.
A primeira razão é que o Brasil
já tem de 1,5% a 1,7% de crescimento dado. Ou seja, se o nível da
atividade econômica de dezembro for mantido ao longo de 2004,
sem oscilações, o ano já vai contabilizar essa expansão. Segundo
ele, o Brasil está perdendo uma
oportunidade de aproveitar a retomada da economia mundial e
crescer mais. "Poucas vezes veremos cenário tão favorável."
Na sua avaliação, o país não está
preparado para um crescimento
sustentado. Somente vai se aproveitar do cenário internacional e
ter uma "recuperação modesta e
cíclica". Os limitadores de uma
expansão maior, segundo ele, são
o nível baixo da abertura comercial, a alta carga tributária, principalmente sobre as empresas, e os
"sinais extremamente confusos"
das agências reguladoras.
Para o economista-chefe para
América Latina e Caribe do Banco
Mundial, Guillermo Perry, as
perspectivas para a região em
2004 são muito boas. Mesmo que
os EUA subam seus juros, como o
FED (Banco Central americano)
já sinalizou, a redução de investimentos nos mercados emergentes não será forte. Ele prevê um
crescimento de 4% para a América Latina e de 3,5% para o Brasil.
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