São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2004

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VÔO DA ÁGUIA

Mas números ficam abaixo das expectativas

Estados Unidos criam 112 mil vagas, e desemprego cai para 5,6%

DA REDAÇÃO

A economia norte-americana criou 112 mil postos de trabalho no mês passado, o melhor resultado em mais de três anos, mas ainda assim em ritmo inferior às expectativas. A taxa de desemprego recuou de 5,7% para 5,6%.
Pela previsão média dos analistas, seriam criadas entre 150 mil e 160 mil vagas. De qualquer maneira, o resultado obtido em janeiro foi o melhor desde dezembro de 2000, quando o país ainda não havia entrado em recessão.
O Departamento de Trabalho também revisou os dados de meses anteriores. Assim, os números de dezembro ficaram um pouco melhores, com a criação de 16 mil postos, e não apenas mil, como divulgado inicialmente.
"O número de vagas ficou bem abaixo das expectativas do mercado e confirma a fragilidade do mercado de trabalho nos EUA", afirmou Daniel Tenengauzer, vice-presidente para câmbio do banco de investimento Lehman Brothers, em Nova York.
De setembro para cá, 366 mil postos foram criados, de acordo com o Departamento de Trabalho, ou pouco mais de 70 mil vagas por mês. De acordo com os economistas americanos, o país precisa criar entre 150 mil e 200 mil vagas por mês para absorver o crescimento da população economicamente ativa.
"É a criação de empregos mais fraca já registrada em um período de recuperação econômica", comentou o economista Steven Wood, da consultoria Insight Economics.
Depois de atingir o pico de 6,3% em junho do ano passado, a taxa de desemprego recuou para 5,6%, o nível mais baixo em dois anos. Mas a taxa permanece acima dos níveis de 2000, quando estava em torno de 4%.
A pesquisa a respeito do número de vagas é feita diretamente com as empresas, por isso é considerada mais confiável, ainda que sujeita a distorções. Já a taxa de desemprego é apurada a partir da entrevista com trabalhadores.
A maior parte dos empregos criados no mês passado ocorreu no varejo. Já o emprego na indústria norte-americana encolheu pelo 42º mês consecutivo.
Nos últimos três anos, a economia norte-americana perdeu mais de 2 milhões de postos de trabalho, principalmente no setor manufatureiro. O tema promete ser um dos mais difíceis durante a campanha de reeleição do presidente George W. Bush. A crise na indústria também elevou o protecionismo no país.
A baixa criação de empregos, mesmo com o elevado ritmo da recuperação econômica, preocupa a Casa Branca. O secretário do Tesouro, John Snow, chegou a contestar os números, dizendo que as estatísticas são sujeitas a distorções e erros.

Reação
Por outro lado, o Federal Reserve (banco central norte-americano) não deverá ter pressa para elevar a taxa de juros, hoje em 1% ao ano. Assim, os fluxos de recursos para os mercados emergentes, como o Brasil, deverão permanecer elevados, porque os juros são mais atraentes.
Ante os números relativamente fracos do Departamento de Trabalho, os preços das ações das empresas americanas subiram. Isso porque a perspectiva de manutenção da taxa de juros no atual baixo nível torna os investimentos nas Bolsas mais atraentes.
"Os indicadores não foram altos demais nem baixos demais. Ficaram dentro do que o mercado gostaria para poder dizer: "Podemos respirar aliviados'", disse Jeff Kleintop, estrategista-chefe da corretora PNC Advisors. "Os dados indicam que o Fed poderá esperar um pouco mais e que as pressões inflacionárias vão permanecer fracas."
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York encerrou o dia com valorização de 0,93%. Na semana, o índice acumulou ganho de 1%. A Bolsa eletrônica Nasdaq avançou 2,2% ontem, mas isso foi insuficiente para evitar a perda de 0,1% na semana -a terceira desvalorização semanal seguida.


Com agências internacionais


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