|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Estrangeiro tira R$ 4,7 bi da Bolsa de SP em janeiro
Foi a maior saída de recursos externos da Bovespa já registrada num único mês
Bolsa cai 3,46% na volta
do feriado de Carnaval,
se ajustando às quedas
do início da semana
no mercado global
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A volta do feriado de Carnaval foi de ajustes na Bolsa de
Valores de São Paulo. Como
houve quedas fortes pelo mundo nos últimos dois dias, enquanto a Bovespa estava inativa, a baixa de ontem foi acentuada: o pregão encerrou com
desvalorização de 3,46%.
O ajuste era previsto pelos
analistas. A não ser que o mercado acionário norte-americano -principal referência para
da Bolsa brasileira- tivesse tido um dia excepcional ontem,
eram reduzidas as chances de a
Bovespa escapar de fechar o
pregão no vermelho.
O peso dos investidores internacionais nas operações da
Bovespa atualmente é muito
elevado, em torno de 35% do
total. Dessa forma, era esperado que vendessem ações de empresas brasileiras para tentar
compensar as perdas registradas no exterior neste começo
de semana.
Em janeiro, os estrangeiros
já mostraram que não estão
muito pacientes para risco e
protagonizaram uma fuga recorde de capital da Bovespa. No
mês, o saldo das operações feitas pelos estrangeiros em pregão ficou negativo em R$ 4,73
bilhões, sendo o pior resultado
mensal da história.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones fechou ontem com desvalorização de 0,53%. A Bolsa
eletrônica Nasdaq recuou
1,33%. Na semana, o Dow Jones, que reúne as 30 ações norte-americanas mais negociadas, acumula perdas de 4,26%.
"A Bovespa oscila atenta à
performance das Bolsas no exterior. Assim, não surpreende a
baixa de hoje [ontem], se pensarmos que os mercados caíram muito lá fora, especialmente na terça", afirma Álvaro
Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Analistas
e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) e diretor da corretora Ágora.
Quem também sofreu ontem
fortes ajustes decorrentes das
depreciações registradas na
Europa e nos EUA na terça-feira foram os mercados asiáticos.
A Bolsa de Tóquio recuou
4,70% ontem, e a de Hong Kong
perdeu 5,40%.
A Bovespa já abriu em queda
acentuada e chegou no pior
momento a recuar 3,83%. Durante o pregão, conseguiu melhorar seu desempenho, e diminuiu as perdas para 2,83%. Mas
a piora em Wall Street, decorrente de declarações do dirigente do Fed (BC dos EUA) regional da Filadélfia, Charles
Plosser, sobre os riscos de inflação, esfriou a possibilidade de
recuperação das Bolsas.
O índice Ibovespa, formado
pelas 64 ações brasileiras mais
negociadas, sofreu com a queda
de suas ações mais representativas e encerrou ontem aos
58.968 pontos. No ano, a baixa
acumulada está em 7,70%.
O papel preferencial "A" da
Vale recuou 3,82%. As ações da
Petrobras repercutiram também o recuo do barril de petróleo no exterior e perderam
3,93% (ON) e 3,54% (PN). Essas ações são muito negociadas
pelos estrangeiros.
Segundo Alexandre Lintz,
economista-chefe do BNP Paribas, a saída de estrangeiros da
Bolsa "é um movimento pontual, que ocorre devido às correções que têm havido no cenário externo".
Hoje o nervosismo pode
prosseguir com a reunião do
BCE (Banco Central Europeu)
que definirá os juros da região,
que estão em 4%. Apesar de a
expectativa predominante ser
de manutenção da taxa básica
de juros, comentários feitos pelos dirigentes do BCE podem
mexer com o sensível mercado
financeiro global.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Paulo Nogueira Batista Jr.: O dinossauro se moveu de novo Índice
|