São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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G7 deve fracassar em ação coordenada

Diferenças entre problemas econômicos e prioridades tornam improvável que Europa e Japão sigam exemplo dos EUA

Corte de juros e medidas fiscais expansionistas não devem ser adotados por países ricos; tema cambial fica em segundo plano

YOKO NISHIKAWA
DA REUTERS, EM TÓQUIO

Quaisquer esperanças de uma resposta coordenada das autoridades econômicas mundiais ao medo de uma recessão nos EUA, aos tumultos nos mercados e aos problemas de câmbio provavelmente serão frustradas pela reunião dos ministros das Finanças do G7 em Tóquio, no sábado.
As diferenças entre os problemas econômicos e as prioridades políticas, bem como a borbulhante tensão que separa os dois lados do Atlântico, significam que é improvável que Europa e Japão sigam o exemplo norte-americano quanto ao anúncio de medidas fiscais e monetárias que compensem a redução da demanda nos EUA.
O Canadá também acredita que já fez tudo que poderia na frente fiscal e parece mais preocupado com o yuan chinês, enquanto o foco do Reino Unido é reforçar a transparência dos mercados financeiros.
Os europeus continuam preocupados com a alta do euro, mas é provável que a questão do câmbio resulte só em repetição de passados pronunciamentos, como um apelo à China para que ela permita valorização mais rápida do yuan.
Os anfitriões japoneses querem que os ministros das Finanças e dirigentes de bancos centrais visitantes, de Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália e Reino Unido, ajam para acalmar os temores de desaceleração na economia mundial.
Mas compreendem que chegar a uma posição comum quanto à avaliação dos problemas econômicos é o melhor a que o G7 pode aspirar. Ações coordenadas de política fiscal, em particular, são consideradas muito improváveis. "Política fiscal é assunto que cabe a cada governo", disse uma fonte do Tesouro britânico.
Os preços do petróleo ultrapassaram a marca de US$ 100 por barril desde a mais recente reunião do G7, em outubro, o que complica as opções de política econômica, já que pressões inflacionárias ameaçam as perspectivas econômicas.
Mas os líderes financeiros do G7 provavelmente compartilham da opinião de que os fundamentos econômicos mundiais continuam sólidos, a despeito do crescimento mais lento e da incerteza crescente.
"Eles podem confirmar de maneira coordenada que cada país tomará as medidas necessárias a evitar uma queda da atividade econômica", disse Takatoshi Ito, professor da Universidade de Tóquio.
"Mas seria difícil implementar medidas como cortes conjuntos de taxas de juros ou pacotes conjuntos de gastos públicos", afirmou.
É o caso da Europa, que alega que sua economia está em melhor forma e demonstra cada vez mais preocupação diante da alta do euro, depois dos cortes de impostos nos EUA.


Tradução de PAULO MIGLIACCI

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