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Desvantagem da mulher cresce com escolarização
Quanto maior a escolarização, maior a distância para renda masculina, diz estudo
Diferença chega a 37% entre as profissionais com especialização ou
pós-graduação, diz Ibmec; em 1995, era de até 47%
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A diferença salarial entre homens e mulheres é maior entre
os profissionais mais qualificados, com maior escolaridade e
na região Sul do país.
Estudo do Ibmec São Paulo a
partir de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio) mostra que as mulheres com especialização ou
pós-graduação recebem 37% a
menos do que homens que desempenham a mesma função e
têm a mesma escolaridade. Na
faixa de mulheres mais qualificadas entre 41 e 50 anos, a diferença foi ainda maior: 39,22%.
Enquanto os homens ganharam, em média, R$ 2.911,01 por
mês, as mulheres receberam
R$ 1.831,25. Os dados são de
abrangência nacional, referem-se a 2004 e consideram trabalhadores com jornada de trabalho entre 40 e 44 horas. Em
1995, essa diferença salarial
chegou a 47%.
"É positivo o fato de a diferença ter diminuído, mas ainda
está longe de refletir igualdade
no mercado de trabalho. Além
da discriminação, o que pode
explicar a diferença salarial é a
questão da experiência, porque
a mulher entrou mais tardiamente no mercado", diz Regina
Madalozzo, professora de economia do Ibmec São Paulo.
Ela cita ainda que a mulher
tem mais dificuldade para
acompanhar a evolução salarial
do homem. "A mulher tem uma
trajetória intermitente no mercado de trabalho, ao se ausentar, por exemplo, em períodos
como licença-maternidade."
O estudo mostra ainda que a
diferença na remuneração entre homens e mulheres menos
qualificados -que desempenham funções na agricultura
ou no setor de serviços - é menor. Entre trabalhadores e trabalhadoras de baixa escolaridade (com um a quatro anos de
estudo), a diferença no salário
era de 25,11% em 1995 e caiu
para 12,40% em 2004 -o percentual é menor do que a média
dos empregados e empregadas
que estavam no mercado de
trabalho naquele ano (16,37%).
O problema é maior entre
mulheres e homens brancos do
que em relação aos trabalhadores negros. A diferença nos rendimentos foi, respectivamente,
de 22,94% e 1,93% em 2004.
"Nesse caso, a discriminação da
cor se sobrepõe à do sexo", afirma a pesquisadora.
A disparidade salarial se concentra, segundo o estudo, nas
regiões Sul e Sudeste do país. A
maior diferença foi encontrada
no Paraná -enquanto a mulher, em média, recebeu R$
709,81 mensais, o homem ganhou R$ 990,01.
Grande São Paulo
Já estudo da Fundação Seade
na região metropolitana de São
Paulo mostra outra desvantagem da mulher no mercado de
trabalho. A taxa de desemprego
feminina diminuiu de 2005 para 2006, mas em percentual inferior à queda registrada pelos
homens. Enquanto a taxa de
desemprego caiu 5,6% entre as
mulheres, entre os homens a
queda foi de 6,9%. A diferença
entre as taxas feminina e masculina é a maior desde 2001.
As mulheres representavam
54% do total de desempregados
na região metropolitana há
dois anos. Em 2006, esse percentual atingiu 54,9% -o
maior desde que Seade e Dieese
iniciaram a pesquisa sobre emprego e desemprego.
O rendimento anual médio
das mulheres ocupadas foi de
R$ 869 no ano passado. O dos
homens, R$ 1.291.
A menor diferença foi encontrada no setor de serviços -a
remuneração das mulheres
correspondia a 94,2% da dos
homens. A maior desigualdade
foi verificada no segmento industrial: as mulheres receberam o equivalente a 68,5% do
rendimento masculino.
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