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TROCA DE COMANDO
Carlos Kawall, novo secretário, também planeja acabar com "cultura" de títulos de curtíssimo prazo
Governo manterá ajuste fiscal, diz Tesouro
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Todas as demandas dos ministérios por mais gastos serão administradas dentro da meta de ajuste
fiscal, fixada em 4,25% da produção nacional (PIB) para este ano,
assegurou o novo secretário do
Tesouro, Carlos Kawall. Segundo
ele, a combinação de restrição de
gastos imposta pela legislação
eleitoral com as travas da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF),
que disciplina as despesas públicas, funcionou nas últimas eleições e assegurará o cumprimento,
em 2006, da meta estabelecida.
"Nunca tive um trabalho que
não tivesse problemas. Mas o
compromisso e os números que
temos sugerem que existe uma estratégia coerente para chegar lá",
afirmou, ao comentar as pressões
políticas por aumento de despesas em ano eleitoral.
Em sua primeira entrevista após
assumir o cargo oficialmente, Kawall destacou ainda que, na gestão
da dívida pública, o país já conseguiu deixar para trás as culturas
inflacionária e a de emitir títulos
cambiais a cada sinal de crise.
Agora, defendeu, está na hora de
acabar também com a cultura dos
investidores de terem como referência sempre a taxa de juros de
curtíssimo prazo.
"É preciso vencer a cultura do
CDI que está arraigada. Temos
que buscar algo mais saudável e
que reduza a vulnerabilidade do
ponto de vista da dívida interna",
ressaltou, referindo-se à taxa diária fruto das negociações entre os
bancos. Essa será uma das missões que ele terá no Tesouro.
Na prática, isso significa reduzir
a parcela de títulos corrigidos pela
variação diária dos juros em poder do mercado, os chamados papéis pós-fixados, e alongar os prazos de vencimento. Esses títulos
sofrem impacto direto a cada alta
dos juros promovida pelo Banco
Central e, com isso, deixam a dívida pública sujeita a oscilações
bruscas durante turbulências.
Kawall ressaltou, no entanto,
que tudo será feito "com cautela".
Como prova de que não haverá
mudanças em relação ao trabalho
do antecessor, Joaquim Levy, o
novo secretário disse que escolheu Paulo Valle, funcionário de
carreira do Tesouro responsável
pela coordenação da dívida pública para ser secretário-adjunto.
Valle substituirá José Antônio
Gragnani, que parte para uma
temporada de estudos nos EUA.
"A mensagem que quero dar é de
continuidade. É um reconhecimento da qualidade dos técnicos
do Tesouro", completou, explicando que Valle é o primeiro funcionário da casa no cargo. Normalmente, a vaga era preenchida
por nomes do setor privado ou de
outros setores do governo.
Segundo Kawall, na gestão da
dívida externa, os "progressos
nos últimos 15 meses, quando ela
passou a ser coordenada pelo Tesouro, saltam aos olhos". Antes, o
BC era o responsável. O secretário
destacou a recompra de títulos da
dívida reestruturada em 1994 e o
lançamento de títulos em reais no
mercado internacional.
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