São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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TROCA DE COMANDO

Carlos Kawall, novo secretário, também planeja acabar com "cultura" de títulos de curtíssimo prazo

Governo manterá ajuste fiscal, diz Tesouro

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Todas as demandas dos ministérios por mais gastos serão administradas dentro da meta de ajuste fiscal, fixada em 4,25% da produção nacional (PIB) para este ano, assegurou o novo secretário do Tesouro, Carlos Kawall. Segundo ele, a combinação de restrição de gastos imposta pela legislação eleitoral com as travas da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que disciplina as despesas públicas, funcionou nas últimas eleições e assegurará o cumprimento, em 2006, da meta estabelecida.
"Nunca tive um trabalho que não tivesse problemas. Mas o compromisso e os números que temos sugerem que existe uma estratégia coerente para chegar lá", afirmou, ao comentar as pressões políticas por aumento de despesas em ano eleitoral.
Em sua primeira entrevista após assumir o cargo oficialmente, Kawall destacou ainda que, na gestão da dívida pública, o país já conseguiu deixar para trás as culturas inflacionária e a de emitir títulos cambiais a cada sinal de crise. Agora, defendeu, está na hora de acabar também com a cultura dos investidores de terem como referência sempre a taxa de juros de curtíssimo prazo.
"É preciso vencer a cultura do CDI que está arraigada. Temos que buscar algo mais saudável e que reduza a vulnerabilidade do ponto de vista da dívida interna", ressaltou, referindo-se à taxa diária fruto das negociações entre os bancos. Essa será uma das missões que ele terá no Tesouro.
Na prática, isso significa reduzir a parcela de títulos corrigidos pela variação diária dos juros em poder do mercado, os chamados papéis pós-fixados, e alongar os prazos de vencimento. Esses títulos sofrem impacto direto a cada alta dos juros promovida pelo Banco Central e, com isso, deixam a dívida pública sujeita a oscilações bruscas durante turbulências.
Kawall ressaltou, no entanto, que tudo será feito "com cautela". Como prova de que não haverá mudanças em relação ao trabalho do antecessor, Joaquim Levy, o novo secretário disse que escolheu Paulo Valle, funcionário de carreira do Tesouro responsável pela coordenação da dívida pública para ser secretário-adjunto.
Valle substituirá José Antônio Gragnani, que parte para uma temporada de estudos nos EUA. "A mensagem que quero dar é de continuidade. É um reconhecimento da qualidade dos técnicos do Tesouro", completou, explicando que Valle é o primeiro funcionário da casa no cargo. Normalmente, a vaga era preenchida por nomes do setor privado ou de outros setores do governo.
Segundo Kawall, na gestão da dívida externa, os "progressos nos últimos 15 meses, quando ela passou a ser coordenada pelo Tesouro, saltam aos olhos". Antes, o BC era o responsável. O secretário destacou a recompra de títulos da dívida reestruturada em 1994 e o lançamento de títulos em reais no mercado internacional.


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