DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A transferência do diretor de Normas do Banco Central, Sérgio Darcy, para o Conselho Deliberativo da Centrus, o fundo de pensão dos funcionários da instituições, foi vista como espécie de intervenção branca do BC na entidade. Dos 41 anos de existência do banco, Darcy está lá há 39 e conhece como poucos a história do BC e do fundo que, nos últimos anos, esteve envolvido em denúncias de irregularidades.
Aprovado no primeiro concurso realizado no BC, Darcy trabalhou com o primeiro presidente do BC, Denio Chagas Nogueira, e é o diretor que mais tempo ocupou o cargo: foram nove anos na área de Normas. Apesar de se mostrar cansado e insatisfeito com o trabalho ultimamente, sua saída causou surpresa para os técnicos da instituição. A nova missão na Centrus foi vista por alguns como reconhecimento do seu trabalho, mas, para outros, foi muito conveniente para o presidente do BC, Henrique Meirelles.
O fundo de pensão esteve na mira da CPI dos Correios por causa de supostas operações fraudulentas com títulos públicos. A Centrus vinha sendo investigada em 25 processos abertos por Ministério Público Federal, Tribunal de Contas da União e Polícia Federal.
Em pelos menos três casos, as irregularidades foram comprovadas pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC), órgão vinculado ao Ministério da Previdência e responsável pela fiscalização dos fundos de pensão. No final do ano passado, a SPC chegou a proibir dois dirigentes do fundo de pensão de atuar no mercado. Isso gerou um confronto com os principais órgãos de fiscalização da área financeira.
O BC, patrocinador do fundo, ficou ao lado da Centrus, que nega um prejuízo de cerca de R$ 36 milhões apontado pela SPC numa negociação com ações. A CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que fiscaliza o mercado, concordou com o parecer da SPC. Segundo a assessoria da Centrus, o processo está discussão no Conselho Gestor da Previdência Complementar. (SDA)


Texto Anterior: Troca de comando: Governo manterá ajuste fiscal, diz Tesouro
Próximo Texto: Executivo do BB indicado pelo PT deixa o cargo
Índice